Capítulo 37






– Chris

Terminei de pentear o cabelo e desci até a varanda do Iate. Já estava mais escuro lá fora e aquele mar imenso junto com o céu estrelado estava divinamente maravilhoso. Harry tinha feito um caminho de velas até nossa mesa, como se eu não soubesse onde seria nosso jantar. ~risos.

– Hm, está linda. – ele me abraçou de surpresa por trás. Eu nem fazia ideia que ele já estava por ali.
– Ei, ei! Sem contatos físicos, esqueceu? É o primeiro encontro.
– Você vai levar isso á sério? – ele desmanchou o sorriso quando me soltei dos seus braços.
– Você quem deu a ideia.
– Talvez outro dia. – ele sorriu e me trouxe consigo até sua cadeira, me colocando sentada em seu colo. – Agora eu quero a minha Christinne, depois a gente finge que não se conhece. – ele riu e beijou minha bochecha.
– Tá. – também ri, mas virei seu rosto e lhe dei um selinho, que foi virando um beijo longo e acabamos minutos demais naquilo. – Chega Harry, chega.

Harry apenas riu e me deu outro selinho.

O jantar foi maravilhoso e nós agimos feito retardados como de costume. Fazia tempo que não nos divertíamos assim, sozinhos e longe de tudo. Tinha um mini som na varanda e até dançamos um pouquinho juntos. Talvez servisse até como um ensaio pro nosso casamento.

Uau, casamento. Faltam poucos dias e ainda estou um pouco insegura de entrar na igreja. Não insegura de casar com Harry, mas insegura de ter que passar por aquele monte de gente. Espero que dê tudo certo.





* No dia seguinte *

– Harry S.

Tirei os olhos da revista e olhei pra Christinne novamente. Já faz um bom tempo que ela está ali sentada na beira do Iate, apenas brincando com os pés na água. Era mentira dizer que eu não estava com medo dela cair ali e começar a se afogar. Depois daquela brincadeira, eu realmente fiquei preocupado com Christinne perto de mar ou piscina.

– Quer entrar? – perguntei vendo seu desinteresse em ficar sentada ali a manhã inteira. Ela virou o pescoço pra me olhar. – Se quiser entrar eu posso ir com você.
– Hm. Não. – deu de ombros e voltou a olhar pra água.

Eu não sei o que está havendo com Christinne, cada dia que se passa ela fica mais pálida e desanimada, quase não come direito. Talvez já esteja na hora de voltarmos pra Londres, acho que ela não está se dando bem com a vida sob as ondas e muito menos a maresia.

– Quer almoçar agora? – tentei outra pergunta e fechei a revista, indo até ela. Me sentei ao seu lado e a abracei de lado. – Hm? O que foi? Está tão pra baixo. – beijei sua bochecha e ela sorriu fraco.
– Não estou com fome, Haz. Obrigada.
– Quer ir almoçar no porto? Você não deve estar se dando bem com o mar, mas tem que comer alguma coisa.
– Não, sério, não estou com fome.
– Nem um peixe, um camarão?
– Não gosto muito de peixe. – ela disse fazendo uma cara de incômodo.
– Sério, o que você tem? Quer tomar algum remédio? Desde aquele desmaio você anda estranha.
– Sei lá, acho que é esse balanço de vez em quando. – disse levantando e ajeitando o short jeans. – Vamos entrar? Quero deitar… A gente pode ver um filme.
– Filme? – perguntei com desânimo, me levantando também. – Eu tinha planejado de te levar á uma ilha, mas já que você prefere filme.
– Mil vezes filme, sorry.
– Tá bom, tá bom. – revirei os olhos e ela sorriu, me dando a mão enquanto íamos pra dentro. – Só espero que seja bom.
– Eu vou escolher um ótimo, não se preocupe.

Subimos até o quarto e fechamos todas as cortinas. O quarto estava muito melhor que um cinema de verdade. Até que não ia ser tão ruim. ~risos. Christinne escolheu Amizade colorida e eu já previa a partir dali que o resultado daquilo entre nós dois não ia terminar bem. Bom, pelo menos pra mim, não seria fácil ficar assistindo um filme de cenas quentes ao seu lado. Se é que você me entende.

Nos deitamos entre alguns almofadões no tapete do quarto e a vasilha de chocolates ficou entre nós dois. Nos primeiros minutos, Christinne não tocou em nenhum deles, o que foi estranho, mas logo ela foi pegando alguns discretamente. E mesmo assim ainda não era aquela Christinne chocólatra que eu conhecia.




Passamos a tarde assistindo filme. Eu almocei, Christinne não. Bebemos refrigerante, comemos todos os doces possíveis na dispensa e não durou muito pra ela passar mal. Eu tinha esquecido que ela não podia se encher de doce ou qualquer outro alimento. O Iate não estava muito confiável hoje e balançava forte de vez em quando. Estávamos voltando para o porto de Ibiza no piloto automático e então acho que foi isso que influenciou um pouco nos balanços esquisitos.

Não ia ter outro jeito. Tínhamos que voltar hoje, antes que Christinne começasse a vomitar os próprios órgãos.

– Terminou de fazer a mala? – voltei ao quarto e encontrei Christinne terminando de se vestir.
– Já. Acho que já pode colocá-la lá fora.
– Tudo bem.

Peguei a mala rosa e a levei até o cais. Por sorte tínhamos conseguido chegar no porto no fim da tardinha. Nosso voo saíria em uma hora e meia direto pra Londres.

– Obrigado. – agradeci ao taxista que pegou as malas para levá-las até o carro. – Chris! Terminou?
– Calma, estou aqui. – ela apareceu descendo as escadas do Iate. Apenas carregava uma bolsa, nem tão grande, no ombro.
– Está melhor agora? – perguntei enquanto entrávamos no táxi.
– Tô melhorando. – disse sonolenta, debruçando a cabeça em meu ombro pra dormir.




* Londres *

– Chris



Abri os olhos devagar, minha cabeça estava doendo demais. Olhei pro teto e bocejei cansada. Não, espera! Eu conheço esse teto.

– Harry? – me sentei na cama. Os móveis e as minhas coisas estavam no mesmo lugar de sempre. Meu lindo e doce apartamento.

Calcei os chinelos e antes mesmo de me levantar, encontrei um bilhetinho sobre o bidê.



Sentindo minha falta? Provavelmente.
Sinto muito por não estar aí, mas...  
Amanhã é nosso casamento, lembra? Hm, é claro que lembra.
Então vim para Holmes Chapel.
Boa sorte amanhã com o seu dia de noiva e nos encontramos no altar.
Não me deixe te esperando lá, criando raízes no chão. -_–
Te amo,
xx Harry.



Suspirei e deixei a folha sobre a mesinha novamente. Eu devo ter dormido demais para Harry ter tido tempo o suficiente de me deixar aqui e ainda arrumar suas coisas pra ir á Holmes Chapel. Imagino o quão ansiosas estão Gemma e Anne. Ah, meu Deus, Anne. Eu tenho tanto medo de decepcioná-la e ela é tão legal comigo.

– Mãma!

Zoe estava de fralda em frente a porta com aquele seu sorrisinho típico.

– Oi meu toquinho! – ri e me abaixei, fazendo ela andar até mim. Seus braços envolveram meu pescoço e seu corpo se colou ao meu com um abraço revigorante. Eu precisava daquilo já há muito tempo. – Sentiu saudades da mamãe?
– Senti falta da mamãe!
– Own, eu sei, eu sei. – beijei sua bochecha.
– Zoe! Mas… Ah, Zoe! Você está aqui, é? – Hollie apareceu na porta com o avental de pinturas que elas sempre usavam quando iam fazer “artes”.
– Hollie, você cortou o cabelo! – falei chocada vendo o comprimento das pontas loiras em seu ombro.
– Na verdade, Zoe grudou chiclete nele enquanto eu dormia. Então eu tive que cortar. – ela disse rindo e eu tapei a boca chocada.
– Ai meu Deus, Hollie. Sinto muito. – eu já não aguentava mais segurar o riso, pois Hollie já estava gargalhando antes.
– Busquei ela ontem na Lou. Ela disse que adorou passar esses dias com a Zoe. Ela e a Lux não pararam um instante!
– Ah, eu imagino, né, pirralha?

Zoe apenas ficou nos olhando sem nada á declarar. ~risos. Ela é engraçada até quando não tenta ser.

– E agora, Hollie? Não tem nada pra fazer. – falei pegando Zoe no colo e indo para o primeiro andar. Hollie vinha logo atrás, nos seguindo. – Harry foi pra Holmes Chapel, as minhas melhores amigas estão no ensaio da entrada do casamento e eu que sou a noiva, não tenho NADA pra fazer!
– Você é quem não procura algo pra fazer.

Coloquei Zoe sentada na bancada da cozinha e peguei um pote de danone na geladeira. Abri a embalagem e peguei a colherzinha rosa de avião para lhe dar o iogurte.

– É claro que não! – respondi. – Realmente não tem nada pra fazer. – dei de ombros. – Vamos, Zoe, abra o bocão.
– VIÃO! – ela disse animada vendo a colherzinha.
– Você pode fazer uma limpeza de pele noturna. – ela sugeriu. – Amanhã você acordará muito menos estressada.
– Mas eu não estou estressada!
– Mas amanhã vai ficar! Vai ter muita coisa pra fazer e você vai passar um dia inteiro no salão.
– O salão é quase um spa!
– Mas mesmo assim, Chris.
– Hm, se eu não estiver muita cansada, talvez eu faça. Eu me referia a ficar sem fazer nada do tipo, fazer algo na companhia de alguém. Mas você não me entendeu mesmo, Hollie. – disse e ela riu. – Hm, acho que esse danone não está mais no prazo de validade. – cheirei o potinho e meu estômago deu um giro de 360 graus. – ARC! Zoe, isso aqui não está ruim?

Zoe nem me dava atenção. Ela estava ocupada demais tentando engolir aquela pastinha sem deixar ficar vazando pela boca. Pois é, bebês sempre deixam comida vazar pelos cantinhos da boca.

– Deixa eu ver. – Hollie pegou, examinou e também cheirou. Mas pra ela nem pareceu ter diferença. – Tá no prazo, Christinne. Eu lembro que comprei isso semana passada.
– Uhum. – tapei a boca e subi correndo.
– Chris! Chris?

Adentrei o quarto e praticamente chutei a porta do banheiro. Abri a tampa do vaso e me ajoelhei ali, deixando escapar um pouquinho do que eu tinha comido na viagem com Harry e uma gosma estranha que devia ser o Nada que eu tinha ingerido o resto do dia.

Coloquei a mão na testa e aquela mesma sensação esquisita do Iate veio me atormentar.

– Chris, você está bem? – Hollie apareceu na porta do banheiro. Eu teria corrido até lá e fechado a porta antes que ela me visse naquele estado, mas nem pra isso eu tinha forças. Estava suando frio, novamente.

– Não, nem um pouco. – me levantei e lavei a boca na pia. – Aquela viagem não me fez nada bem. – tateei a prateleira em busca de uma toalha e acabei derrubando um pacote de absorvente.

Absorvente :::::::::::::::::::::::::::: Meu ciclo está atrasado.

– Droga!











Vas Happenin?
Hmmm, o que acharam desse capítulo?
Desculpem por ele ser curto, mas é que estava nos planos ser assim mesmo.
Malikisses,  Biia.












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