Capítulo 34





* Algumas semanas depois *



– Harry S

Levantei da cama devagar para não acordar Christinne. Ela estava tão linda daquele jeito, nem dava pra acreditar que era minha. Vesti uma boxer e andei até o banheiro. Me olhei no espelho e vi o cabelo bagunçado, minha cara estava amassada e parecia até que eu tinha dormido mal na noite passada. Mas tudo aconteceu bem ao contrário. Foi uma ótima noite.

Saí do quarto e andei até o quarto ao lado. Zoe também estava calminha, dormindo como uma princesinha. Tirei-a do berço, colocando-a com todo cuidado em meu colo e ela despertou choramingando um pouco. Uma pequena observação é que ela está começando a ficar pesadinha. Não sei se terei mais coluna pra aguentá-la daqui um tempo.

– Bom dia, docinho. – falei sorrindo enquanto descia com ela até a sala. Ela estava meio emburrada, com um bico bonitinho por trás da chupeta, pois ela odeia quando eu a tiro do berço mais cedo. – O papai só não quer ficar sozinho, tá? Não faz essa carinha emburrada pra mim. – sentei no sofá e liguei a tv, enquanto arrumava uma posição confortável pra ela. Tirei sua chupeta e ela franziu o cenho.
– Dá! – ela esticou a mão brava. Ri.
– O que você quer?
– Dá! – se esperneou ameaçando chorar.
– Mas chupeta não é pra mocinhas. Você já é uma mocinha, amor.

Acha que aquilo mudou alguma coisa? Não, Zoe abriu o berreiro.

– Tá, tá, Zoe. Não dá pra brincar com você mesmo. – coloquei sua chupeta de volta e deitei, colocando-a deitada também de bruços em meu peito. – Vai dormir? De novo? – olhei-a começar a respirar mais calma e abraçar meu pescoço com aquela mãozinhas quentes. Já estava começando a fechar os olhos. Zoe é tão linda, céus. Sorri e beijei sua testa, voltando a prestar atenção na tevê.



– Chris

Bati com a mão no outro lado da cama e suspirei frustrada. Estava vazio, Harry já se levantou. Abri os olhos e levantei relutante da cama. Puxei o lençol junto comigo e sorri um pouco maliciosa ao lembrar da noite passada. O espelho na parede me mostrava sorridente e um pouco abobada, como se tivesse sido uma Primeira vez.
Bom, acho que ele sempre vai me deixar desse jeito.

Vesti sua camisa social e deixei os três primeiros botões desabotoados. Prendi o cabelo e fui até o banheiro lavar o rosto. Desci e a vi a televisão da sala já ligada em canal de esportes. Harry e Zoe estavam cochilando no sofá e ela estava babando ele inteirinho. ~risos ~. Ele não vai ficar feliz quando acordar e perceber aquele monte de gosma no pescoço.

– Harry. – sussurrei perto do seu ouvido.
– Hm?
– Acorda. Vamos tomar café.

Harry assentiu sonolento e continuou de olhos fechados. Cruzei os braços e o chamei novamente, sem paciência. Eu estava tão alegre quando acordei… Nossa, sou bipolar.

– O que foi, anjo?
– Le-van-ta!
– Por que?
– Pra tomar café. – revirei os olhos. – E depois, Zoe está te babando insanamente. Já tem um rio de baba no seu pescoço. – ri.

Harry tateou o pescoço e fez cara de nojo quando sentiu a mão melecada.

– Oh, Zoe! – ele se levantou com ela no colo, que acabou despertando também. – O que você fez em mim, mocinha? Toma ela. – ele me entregou Zoe com certo nojinho. ~risos~ Ela ainda estava babada, coitada.
– É melhor ir tomar um banho. Tem baba escorrendo no peito também. – tentei não rir mais do que já ria. Ele ia ficar irritadinho se eu fizesse isso.
– Seu pai é fresco, Zoe. Não liga pra ele. – falei enquanto a levava comigo pra cozinha.

De repente ela começou a falar. Falar meio embolado mesmo, mas eu não ligava. Eu gostava de preparar o café e escutar ela interagindo e rindo sozinha. As vezes eu entendia algumas coisas, falava também e então lá estávamos nós duas tendo conversa de mulher pra mulher na cozinha.

– Não tente por a mãozinha, ok? Está quente. – falei enquanto colocava as panquecas em um prato na mesa. Zoe estava na sua cadeirinha especial de bebê, mas mesmo um pouco afastada da mesa ela conseguia fazer algumas travessuras.

Voltei ao fogão e peguei alguns ovos. Harry não pode começar um dia sem um omelete, especialmente hoje. Parece que ele e meu pai vão se encontrar daqui a pouco pra falar sobre o casamento. Ah, eu daria qualquer coisa pra ser uma mosquinha e ir até esse encontro só pra ver Harry nervoso na frente do meu pai. Sei que ele está um pouco nervoso porque não parou de falar isso durante essa última semana. Amanhã começa nossa lua de mel. Vai ser engraçado ter a lua de mel antes do casamento, mas eu gosto da ideia mesmo assim. Os meninos vão entrar em turnê em breve, não teremos tempo para viagem depois da cerimônia. Harry achou que eu ficaria chateada, mas eu não posso ficar mais feliz por tudo isso porque sinceramente acho que cheguei ao limite de felicidade. ~risos.

– Hum, que cheiro bom. – Harry voltou do banho e sentou á mesa, colocando Zoe em seu colo.
– São seus omeletes. – sorri terminando de despejar os ovos em seu prato. – Bom apetite, senhor Styles. – beijei o topo da sua cabeça e voltei até a pia.
– Será que seu pai já está me esperando na cafeteria?
– Harry, relaxa. Ele não vai se importar se você se atrasar uns minutinhos. – tirei o avental e me sentei ao seu lado. – Na verdade, essa conversa nem precisava acontecer, pra início de conversa. Meu pai discordando ou não desse casamento eu iria me casar com você de qualquer forma. Acho desnecessário.
– Mas eu acho necessário. Sabe, seria muito bom ter a benção dele no nosso casamento. De coração mesmo.
– Eu sei que seria bom, amor. Também adoraria, mas eu só quero que saiba que nada agora pode me impedir de subir naquele altar. – dei um rápido selinho e Hary sorriu.



( . . . )



– Harry S

Desliguei o motor e respirei fundo antes de tomar qualquer movimento fora do carro. Estava chuviscando um pouco, liguei os parabrisas para limpar o vidro só como pretexto de me acalmar mais um pouco.

– Não seja covarde, Harry. – suspirei. – Vá agora! – ordenei a si mesmo.

Passei a mão pelos cabelos e tirei a chave da ignção. Olhei pela última vez através da janela. Não tinha um movimento na rua. Cadê as fãs pedindo pra tirar foto logo na hora que eu mais preciso ficar enrolando?

Saí do carro e bati a porta. Ativei o alarme e andei até dentro da cafeteria. Cumprimentei com um simples gesto o atendente e procurei o senhor Marcos entre algumas mesas vazias.

Logo o encontrei de casaco de couro, touca e luvas, tomando um café em uma mesa discreta no canto de um janelão. Andei rápido até lá, antes que desistisse e fosse embora feito um cachorrinho medroso.

– E aí, Harry? – ele estendeu a mão para me cumprimentar antes mesmo que eu sentasse. Larguei o celular e as chaves sobre a mesa e relaxei um pouco na cadeira acolchoada. – Tudo bem?
– Tudo ótimo e o senhor?
– Ei, cara! Não precisa usar essa palavra pra falar comigo. – ele riu divertido. – Posso ter cinquenta e todos, mas ainda estou com a disposição de um cara da sua idade. Se é que você me entende. – ele piscou e riu malicioso.

O.K. Christinne, seu pai é foda!

– Entendo. – sorri do mesmo modo e continuei rindo mentalmente. Nossa, se Christinne tivesse escutado isso teria enfiado a cabeça na terra e nunca mais teria tirado de lá.
– Peça alguma coisa. Não quero ficar aqui bebendo café sozinho feito um velho.
– Ahn… Tudo bem. – peguei o cardápio.
– Como está Zoe? – ele perguntou enquanto eu lia o Menu.
– Está ótima. Christinne vai levar ela daqui a pouco para casa da minha comadre. Ela vai passar alguns dias lá, enquanto vamos para Ibiza.
– Uh, Ibiza? – ele sorriu animado. – Que ótima viagem, hein.
– Na verdade é nossa lua de mel.
– Uau, em Ibiza?
– Bom, na verdade não vamos ficar muito em Ibiza, no centro, digamos. Eu aluguei um Hiate pra gente ficar esses dias só no mar.
– Você e Christinne, em alto mar, sozinhos?
– Sim. – respondi um pouco receoso com a sua reação esquisita.
– Hm. – ele disse um pouco desconfiante. – Rapaz, olha… Eu tenho um ciúme incontrolável por aquela menina.

Hum, lá vem bomba.

– Eu espero que você cuide muito bem dela, pois uma viagem em alto mar pode ser perigoso.
– Ela é a minha vida, senh… Digo, Marcos! – me auto-corrigi. – Eu cuidarei dela muito bem, como sempre cuidei. Vamos nos divertir bastante, apenas.
– Que tipo de diversão? – ele realmente estava sério. Também me portei mais sério, ele as vezes dava medo.
– Diversão, ué. – dei de ombros, ainda um pouco nervoso. – Curtir o mar por aí, nadar, conhecer ilhas… Muita coisa.
– E á noite?
– Sem ser indelicado, mas… O senhor tá querendo chegar em que ponto?
– Marcos! – me corrigiu.
– Marcos. – repeti.
– É que, como eu te disse, tenho muito ciúmes da Tine. Então só a trate bem. Nada mais. – ele pareceu ter se arrependido daquela conversa, sabendo que eu seria sincero em qualquer resposta que ele quisesse.

E outra: Tine? Que apelido é esse? Eu posso entender Christinne por nunca ter me contado sobre esse apelido. ~risos~ É engraçado demais.



– Olha, Marcos. A Christinne já não é mais criança e eu posso entender sua preocupação com ela, mas eu só te digo: Eu amo sua filha, ela é muito mais do que importante pra mim e eu daria minha vida para protegê-la. Não há com que se preocupar, vai ser a melhor viagem da vida dela e em breve estaremos de volta para a cerimônia.

Ele sorriu mais confortável e bebeu o café.

– Gosto da sua sinceridade, rapaz. – sorriu. – Te dou meu voto de confiança.
– Obrigado, não será em vão. Eu lhe prometo.
– Ótimo, pois espero que Christinne não se decepcione com você.
– Ela não vai. – ri.
– Não, eu estou falando sério mesmo.
– Ah, tá. – desmanchei o sorriso e pedi um café.
– Você sempre cai nas piadinhas. – ele voltou a rir e deu um tapinha em meu ombro. Um leve tapinha, que só quase deslocou os ossos da região. Bem levinho, sabe.



( . . . )



Voltei pra casa no comecinho da noite. Depois de uma tarde com o pai de Christinne, passei rapidamente no apartamento dos meninos para me despedir. Ficaremos em Ibiza até o dia da cerimônia, que só acontece semana que vem. Serão sete dias incríveis, irei sentir falta daqui, mas tudo será compensado.

Louis vai sair do apartamento essa semana, ele e Eleanor compraram uma casa e vão morar no interior. É uma bela casa, os dois vão se casar só no ano que vem, porque Eleanor refez seus planos de casamento que, até pouco tempo, era um casamento conjunto.

Talvez seja até um pouco melhor para não sair tudo tão rápido. Eleanor está cheia de exigências, é melhor pra ela ter tempo de pensar nos detalhes em um ano. Enquanto isso, Daniele e Liam ainda pensam em noivado. Acho que eles não querem se casar por enquanto, mas vai ser uma cerimônia linda se eles decidirem isso em breve.

Ok, me senti muito gay agora.

Abri a porta do apartamento e encontrei algumas malas já organizadas no centro da sala. O céu começava a ficar mais escuro através da janela da sala, alguns barulhos vinham do andar de cima.

– Chris? – chamei só para ter certeza enquanto ia na cozinha beber água.
– Harry? – escutei ela já da sala. Terminei de beber água e voltei até lá. – Já está pronta? – falei surpreso.
– Não era pra estar?
– Não, é claro! Você está linda.
– Obrigada, Haz. – ela sorriu e guardou alguma coisa na bolsa em cima do sofá.
– Zoe já está na casa da Lou?
– Uhum, levei ela agora há pouco.
– Poxa, nem deu pra me despedir.
– Eu me despedi dela por você também. – ela riu.
– Hm, espertinha. – andei até ela e a abracei pela cintura, lhe dando um selinho demorado. Abri os olhos, ainda podendo ver ela também abrir os olhos depois de um beijo. – Preparada para nossa lua de mel?

Ela sorriu e mordeu os lábios.

– Sim. – me beijou novamente e dessa vez passando os braços em volta da minha nuca. – Estou ansiosa. – disse mordendo meus lábios. Sorri de canto e nos separei do abraço.
– Sei como está ansiosa. – sorri malicioso e ela balançou a cabeça rindo. – Não se preocupe, Christinne. Vou superar suas expectativas, relaxe. – pisquei enquanto pegava nossas malas. Ela apenas ficou me observando com aquela carinha curiosa e devia estar se roendo para chegar logo em Ibiza.








Capítulo 33







Chris POV

Eleanor e Cate me soltaram, assustadas com o que eu tinha dito. Mais lágrimas descendo em meu rosto, meus passos foram tomando coragem de avançar para crer naquilo que estava bem á minha frente. Não sabia se tinha medo, raiva ou um oceano de felicidade.

– Christinne… – ele suspirou me dando um sorriso.

Pus a mão na boca, evitando um grito de surpresa e medo. Eu estava conversando com o seu espírito, isso era real ou mais um sonho?

– Como você está crescida… Uau! Você é a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida a partir de agora.

Respirar já era difícil e enxergar se tornava um grande sacrifício. Tudo se fechou em uma grande bola negra.


( . . . )


– Oi? Amor? – escutei a voz de Harry e quando abri os olhos, ele estava passando a palma da mão em frente meu rosto, testando a minha visão.
– Harry?
– Está melhor?
– Hm… Cadê a Cate e a Els? – falei um pouco embolado. Minha visão ainda estava turva.
– Elas estão aqui, amor.

Me sentei esforçadamente e coloquei a mão na nuca. A região estava dolorida e incrivelmente só piorava quando eu tentava buscar memórias.

– Eu vi meu pai. – contei relembrando de uma cena que passava na minha cabeça.

Harry, Cate e Eleanor se entreolharam. Todos preocupados e em silêncio.

– O que foi? – olhei para os três respectivamente.
– Precisamos conversar. – Harry sentou ao meu lado.

Sabe quando você tem uma vontade esquisita de chorar e não sabe o por quê? Bom, era exatamente isso que acontecia comigo.

– Ei, o que foi? – Harry limpou a lágrima que caía.
– Vamos ficar aqui fora. – Cate disse se levantando com Eleanor.
– Harry, só me responda se o que eu acabei de dizer realmente aconteceu.

Harry respirou fundo e me olhou como se procurasse algumas palavras. Eu realmente tinha visto meu pai?

– Diz Harry! – entrei em desespero. – Eu vi o meu pai?
– Ele está lá fora. – disse calmo.

Minha garganta se fechou e o chão abaixo dos meus pés se abriram. Eu não sabia exatamente o que pensar, o que dizer ou sentir, pois tudo estava sendo complicado e estranho demais para mim.

– Meu pai está vivo? – tentei não choramingar.
– Sim, ele está. – Harry parecia um pouco confuso com tudo.
– Isso é possível?
– O que? Uma pessoa morrer e depois voltar de repente? – perguntou irônico. – Em um universo paralelo talvez… Mas enfim, ele está vivo.

Ri fraco e Harry ficou me olhando com aquele sorrisinho bobo. Talvez ele seja o único que me faça rir em situações tão séria.

– Em um universo paralelo? – perguntei ainda rindo.
– Você realmente achou graça disso?

Balancei a cabeça tentando parar de imaginar coisas idiotas, mas sem querer soltei uma gargalhada.

– Harry, você merece um diploma de retardado.
– Devo considerar como elogio?
– Depende do seu nível de idiotice.

Ele ainda parou pra pensar. Vindo de Harry, já não me assusta mais.

– E o que eu devo fazer agora? Falar com ele? – franzi a testa. – Isso soa tão estranho. Digo, eu não deveria conversar com alguém que técnicamente está morto.
– Olha, eu sei que pode ser estranho pra você, Chris. Mas seu pai sempre esteve “morto” esse tempo todo e agora você tem a chance de vê-lo. – Harry disse me olhando seriamente. Ele segurou minha mão e acariciou. – Talvez tenha sido um mal entendido e do jeito que eu vi, ele está morrendo de saudade de você.

Cocei os olhos pra disfarçar a vontade de chorar, mas Harry notou e me abraçou em seu peito.

– Eu vou estar aqui com você pra tudo. Não se preocupe. – sussurrou alisando meu cabelo.
– Eu não sei o que eu faço. – comecei a chorar. – Eu sinto saudade dele, mas estou com medo. Eu lembro de visitar meu pai vários dias no hospital, mas como ele… – suspirei e abracei Harry ainda mais derrotada.
– Quer que eu diga pra ele ir embora?

Isso seria certo? Mandar alguém ir até meu pai e dizer que eu não queria vê-lo, depois desses anos inteiros? Podia até não parecer certo, mas se ele não esteve morto todo esse tempo, porque não procurou minha mãe ou até mesmo á mim? Isso também parece certo?

– Não. – respondi me recompondo no sofá e secando as lágrimas. Harry me olhava preocupado. – Sabe, eu não posso tratá-lo assim. Se ele está vivo aqui, algum mal entendido aconteceu e eu preciso saber como foi isso.
– Bom, era exatamente isso que eu estava pensando.
– Então acha melhor eu ir até lá?

Harry assentiu com um meio sorriso.

– E como ele está?
– Pergunta fisicamente?
– Sim.
– Ahn… Muito parecido com você.
– Se ele é meu pai, né. – revirei os olhos. – Tudo bem. Fala pra ele entrar então. – respirei fundo e o coração passou a bater mais rápido.
Harry se levantou e murmurou um Já volto. Me encostei no sofá e fechei os olhos, só pra tentar relembrar algo do meu pai.


FlashBack ON

– Olha, papai! Sem as mãos! – sorri emocionada enquanto pedalava na rua de casa. Meu pai sorria e vinha andando logo atrás pra me proteger.
– Parabéns, Chris! Dê mais uma volta para eu ver. – ele disse batendo palmas.

Fiz a curva na esquina e voltei pedalando um pouco mais forte. Era boa a sensação de ter o vento batendo no cabelo e papai sempre me deu liberdade em todos os tipos de brincadeira.

– Christinne, a lixeira! – foi tudo que escutei antes de tombar em alguns sacos de lixo com a minha bicicleta.
– Papai! – levantei chorando e um pouco de sangue saía do meu joelho. Lembro dele me pegar no colo e eu encostar minha cabeça em seu ombro.
– Oh, princesa. Vamos pra dentro! Vou cuidar desse joelho.

FlashBack OFF


Chris! – olhei pra Harry e lá estava ele parado na porta, junto com um homem mais velho e pouco barbudo. Seus cabelos eram negros e alguns fios já estava pegando o tom grisalho da idade mais madura. Ele tinha um sorriso inconfundível e seus olhos eram claros e puros.

Eu estava com medo. Vários medos. E um deles era decepcioná-lo. Porque, por mais que ele tivesse sumido e me deixado frágil esse tempo todo, ele era meu pai. E eu ainda o amava da mesma maneira que o amava quando o vi pela última vez, antes de ser internado naquele hospital.

– Oi. – ele disse com a voz bem mais madura da que eu me lembrava e avançou alguns passos timidamente. Uma distância considerável entre eu e ele.
– Christinne! Ele disse oi. – Harry me chamou atenção.

Engoli em seco. Não tinha palavras coerentes que eu pudesse falar naquele momento. Era estranho.

– Filha, você está bem?
– Não é possível. – falei com si mesma e virei para o lado, controlando lágrimas. – Onde você estava todos esses anos? De verdade!
– Eu sempre estive na Bélgica! Como assim “Não é possível?”
– Bélgica?! – eu e Harry falamos juntos.
– Filha, eu sempre te mandei cartas dizendo isso. Eu fui para o tratamento do câncer, não se lembra? Eu prometi que quando me curasse voltaria! – agora quem não entendia muita coisa era ele. Pois falava como se aquilo fosse óbvio e eu fosse a única a não compreender.
– Mamãe disse que você tinha morrido naquele hospital do Rio! – gritei quase chorando.
– Eu? Tinha morrido?! – aqueles olhos claros quase saltaram da face. – Mas que brincadeira idiota é essa, Christinne? – lembro dele me chamar pelo nome completo toda vez que ficava bravo. Eu ia sorrir com aquilo, mas era um momento sério e eu precisava saber o que estava acontecendo.
– Não é brincadeira coisa alguma! Sabe quantas noites eu chorei pela sua ausência quando era criança? Sabe quantas orações e promessas eu fiz pra tê-lo de volta? Você nem deve fazer ideia do quanto eu sofri por isso. Eu passei uma adolescência inteira sem um PAI!
– Vocês precisam conversar sozinhos. – Harry disse já se retirando da sala.
– Eu jamais faria uma coisas dessas de propósito, Christinne. Por que um Ser humano faria isso com a própria filha? Eu sempre te amei, mais do á minha vida. E ainda te amo!

Ok. Aquela declaração acabou com o meu emocional. Já não basta o casamento se aproximando de novo e agora meu pai aparece. Derramei um rio enquanto ele vinha me abraçar em seu peito. Eu simplesmente não podia recusar, seus braços eram a melhor coisa do mundo e eu sentia falta daquilo há muito tempo. Quantas vezes não desejei á Deus que me desse um dia para me despedir do meu pai? Quando eu achava que ele realmente estava morto.

– Eu só não fui embora de uma vez porque ainda amava muito a minha mãe. – sussurrei com o rosto afogado em sua camisa, o abraçando ainda mais forte.
– Que bom, Tine. – ele riu. – Lembra disso?
– Ainda lembra desse apelido? – sorri, levantando o rosto para encará-lo. Ele assentiu com a cabeça. – Só não conte pra Harry, ok? Eu até gosto, mas ele me perturbaria com isso.
– Quem é esse Harry, hein? – senti uma pontada de ciúme e ri. Meu Deus, era tão bom ter um pai novamente.
– Meu noivo. Aquele que estava aqui dentro.
– Harry Styles é seu noivo? – ele me desabraçou e ficou me encarando. – Christinne, então você realmente é aquela Chris das revistas?
– Pois é, né. Engraçado que só agora você percebeu. Prazer, Chris. – estiquei a mão e ele riu.
– Sua mãe nunca gostou desse apelido.
– Mas convenhamos que Tine também não era tão bom. Aliás, meu nome não é tão bom. – rimos. – Mas, pai… Então por que eu nunca soube que você estava na Bélgica? Por que eu nunca recebi essas “cartas”?
– Eu também não faço ideia.
– E por que você saiu do Rio e não avisou á minha mãe?
– Chris, a sua mãe sabia. – ele disse estranhando. – Ela quem recomendou o hospital na Bélgica.
– QUE?!
– Ela nunca te disse isso? – neguei aterrorizada. – Era de se esperar, mas eu nunca achei que ela fosse mentir tão forte, a ponto de querer me “matar”. – disse com um suspiro. – Brigamos na última noite que estive no Rio. – ele se sentou comigo ao sofá, paciente em explicar cada detalhe. – E então…



( . . . )


Bom, eu nunca fui tão normal. Até então tudo bem. Dei sorte de ter encontrado alguém tão especial como Harry, porque pra falar a verdade, foi ele quem me fez enxergar o lado bom da vida. Londres era uma escolha para encontrar um refúgio para todos os problemas que me rondavam depois que meu pai tinha supostamente falecido. Minha mãe meio que achava que uma viagem dos meus sonhos e muitos mimos iriam me fazer esquecer a dor de perder um Pai. Talvez não fosse o certo a se fazer por mim, mas se não fosse por isso, eu jamais teria conhecido Harry e muito menos Zoe. Minha segunda e mais importante vida.

Não posso reclamar, minha mãe sempre foi um anjo. Mas agora não sei dizer quem ela é de verdade. Ela escondeu o segredo mais importante pra mim todo esse tempo. Sempre fingiu sofrer pela morte do meu pai enquanto ele sempre esteve vivo, contando dias dentro de um hospital para me ver novamente. Não me importa se eles brigaram uma noite porque ela tinha descoberto de uma traição do meu pai, não importa o quanto aquilo doeu nela, eu era apenas uma criança! Eu estava carente naquele momento, meu pai estava a beira da morte e ela decidiu da forma mais cruel fazer com que ele sumisse da minha mente para que eu não a enchesse de perguntas, durante anos, sobre sua volta.

Não que eu esteja com ódio incalculável da minha mãe, até porque de nada vai adiantar nessa altura do campeonato. O mais difícil já passou e agora eu sei exatamente onde ele está. Mas por que ela fez isso comigo? Ela nunca sentiu pena de me ver chorando no dia dos pais por ser a única criança na porcaria daquele bairro sem um pai?

Eu simplesmente não entendo.

– Esta é Zoe. – peguei-a do colo de Cate. Meu pai ficou admirado e… Emocionado? Omg, ele não pode chorar. Se ele fizer isso, eu vou acabar fazendo o mesmo de novo. – Vamos, Zoe. Diga Oi pro vovô.
– Christinne, você me surpreende a cada minuto. – ele disse rindo enquanto a pegava no colo. – Mas… Ela é tão perfeita. De onde vieram esses olhos verdes?
– Harry. – sorri.
– Oi, Zoe. – ele apertou sua bochecha e ela deu meio sorriso. – Você tem sorte de ter uma mãe assim, sabia?
– Mama!
– Pois é, a mamãe. – ele respondeu sorrindo com ela.
– Já percebi que estão se dando bem. – Harry murmurou no meu ouvido enquanto me abraçava por trás de repente.
– Ainda bem.
– Fico feliz por você. Muito mesmo. – beijou minha bochecha.
– Ei, rapaz. Ainda temos muito o que conversar. – meu pai fingiu estar sério com ele. Mesmo depois de muitos anos eu ainda conhecia suas brincadeiras.
– É claro, iremos com certeza. – Harry respondeu me soltando.
– É brincadeira, Haz. – ri.
– Relaxa. – meu pai deu um leve tapinha em seu ombro e riu também. – Mas a conversa realmente vamos ter. Só que depois. Primeiro eu quero recuperar o tempo com essas princesas. Você me entende?
– Sem dúvidas. – Harry sorriu.

Eu espero que Harry e papai se dêem muito bem. Amo os dois e seria incrível se eles se tratassem como pai e filho, sempre se divertindo um com o outro. Meu pai é um cara legal, porém muito ciumento, então vai demorar que esse dia perfeito chegue. Mas eu vou torcer para que não demore taaaaaaanto assim.







Vas Happenin?

O que acharam do Cap.?
Em breve vem casamento :3
Dessa vez pra valer!
Malikisses, Biia.