Just Dream 4: Capítulo 38

– O que houve, Chris? – Hollie me olhou apreensiva.

– Minha menstruação tá atrasada. Nunca atrasa.

– Toda mulher passa por isso. – ela me confortou sorrindo. – Mas… O que você está achando? Que está…

– Grávida! – suspirei e recostei a cabeça na parede. – Eu não acredito.

– Own, Christinne. Mais um anjinho.

– Não fala nada pra ninguém, eu ainda não tenho certeza, ok?

– Você e Harry não… ? Ah, você sabe! Na lua de mel?

Ri com o jeito tímido de Hollie e me levantei, voltando para o quarto.

– Não, Hollie. Acho que estávamos tão ansiosos em ficar sozinhos que isso aconteceu.

– Você sabe que isso não é seguro, não é? Mesmo que vocês já se conheçam perfeitamente, mas… Poxa, né, Chris.

– Ok, eu sei. – revirei os olhos. – Mas como eu estava tomando os anticoncepcionais, eu… Argh! Não sei como isso pode ter acontecido.

– Ele vai ficar tão feliz. – ela disse derretida.

– Eu não sei. – respondi insegura. Harry está preparado para ser pai, ele aprendeu muita coisa com Zoe, mas será que está preparado para o segundo?

– Harry S.

– Harry! – Gemma veio correndo desde a porta até a calçada me abraçar. Seus braços me sufocavam, me apertando e me tocando desesperadamente como se eu fosse feito de borracha.

– Saudades de você também, Gemma. – ri enquanto caminhava até dentro de casa com as pernas de Gemma entrelaçadas na minha cintura.

Ok, aquilo era muita saudade mesmo.

– Mãe, cheguei!

Soltei minha mala e a mesma caiu no chão de madeira com um pequeno barulho. Gemma finalmente desceu do meu colo e beijou minha bochecha.

– Cadê a Chris e a Zoe?

– Ficaram lá em Londres. Christinne tem o tal “Dia de noiva” amanhã, não posso atrapalhá-la.

Falei me jogando no velho e maravilhoso sofá de couro. Meu corpo sempre afundava consideravelmente no estofado, o que era absurdamente relaxante.

– Já chegou, querido?

Mamãe apareceu da escada com o seu hobbie bege. – Eu pensei que fosse chegar mais tarde por causa da estrada. Cadê a Chris?

– Ei! Podem parar de falar um pouco da Chris? Eu é quem vim pra cá ver vocês, eu é quem mereço atenção. – me sentei.

Mamãe e Gemma se entreolharam rindo.

– Nunca vi alguém tão ciumento.

– Fica quieta, Gemma! – mostrei a língua e ela me mostrou de volta.

– Vou levar sua mala lá pra cima. – mamãe me deu um beijo na testa. – Quer que eu prepare um chá antes você ir se deitar?

– Não, mãe. Eu tô legal, obrigado.

– Então tá. Eu vou deitar, ok?

Ela disse indo com minha mala para as escadas. Assenti e ela me deu boa noite antes de desaparecer lá em cima.

Ajeitei as almofadas e me deitei novamente. Eu gostaria de estar em Londres, junto com Zoe e Christinne apenas se divertindo e fazendo as mesmas maluquices de todas as noites, antes de dormir. Sorri ao imaginar minha pequena já dormindo á essa altura, com aquela chupeta rosa e a fralda de coelhinhos em seu berço.

Peguei o celular do bolso e não resisti em discar o número de Christinne. Demorou até que ela atendesse no quinto toque.

– Alô?

– Oi, meu amor. Te acordei?

– Ahn… Na verdade não. – ela parecia um pouco amedrontada.

– Hm. Zoe já está dormindo?

– Já, ela dormiu já faz algumas horas. Está tudo bem por aí?

– Tudo em ordem. – respondi. – E por aí?

– Em ordem, também. – aquela resposta demorou a sair e deu pra notar que tinha algo fora de ordem.

Algo não estava tão bem quanto ela dizia.

– Tudo bem mesmo?

– Sim, amor. – ela riu de leve. – Você perdeu o sono agora? O que foi?

– Não, eu só…. Ah, eu só quis saber de vocês duas. Mas já que está tudo bem, então acho que posso dormir agora.

– Tudo bem. Estou ansiosa para vê-lo amanhã.

– Eu já nem posso mais medir meu grau de ansiedade. – sorri. – As alianças já estão mais do que prontas nos esperando.

– Eu sei. – ela disse um pouco mais animada. – Eu não vejo a hora de trocarmos nossas alianças.

– Eu te amo. Vou te esperar ansiosamente naquele altar.

– Também te amo. Prometo não demorar muito.

– Melhor assim. – sorri. – Boa noite.

– Boa noite!

* No dia seguinte *

– Chris

Não foi fácil dormir á noite com todos aqueles pensamentos me assombrando. Era mais uma vida, talvez uma nova história começando. Toda vez que tocava minha barriga me subia um arrepio. Se isso estivesse certo, eu teria que me preparar mais uma vez para um turbilhão de desafios. Eu não sei se Harry vai estar tão preparado pra isso tudo, nem sei se eu estou preparada para isso tudo. Novamente!

É claro que me tornei capaz de ser mãe, mas que mulher não sente medo? São tantos medos. Eu preferia não ter desconfiado disso agora. O casamento já está sendo algo que está me deixando com os nervos á flor da pele e agora chega essa novidade chocante. E eu preciso ter a certeza de que isso é real pra arrumar um jeito doce de contar isso á Harry, porque além de tudo eu preciso fazer isso e não consigo imaginar sua reação. Assutado? Feliz? Eu não sei. Nenhuma delas se encaixa em seu rosto depois dessa notícia. Não nos meus pensamentos.

Terminei meu banho depois de longos minutos tentando relaxar.

Tem que pegar o vestido, ir pro spa, fazer o cabelo, fazer unha, depilação, almoçar, se maquiar, ensaiar os votos de casamento, se vestir, ajustar os últimos detalhes, etc, etc.

Um processo necessário, porém longo e frustrante.

Vesti uma roupa e avisei Hollie que voltaria logo. Tinha um exame de sangue marcado agora de manhã, hoje eu precisava saber desse resultado de gravidez logo ou acabaria enlouquecendo antes do casamento. A essa hora a igreja já deve estar começando a receber as decorações e todos os equipamentos de filmagem, fotografia e som. Além de uma movimentação intensa de paparazzis e fãs dos meninos e meus próprios fãs.

Aquilo vai ser uma loucura e eu espero que nada dê errado por conta dessa movimentação insana.

Girei a chave na ignição e acelerei para a saída do estacionamento do condomínio. Era de se esperar que tivessem dezenas de paparazzis de tocaia na rua, eles estavam eufóricos por qualquer movimento meu ou de Harry antes da cerimônia. Mas hoje eu só queria um pouco de espaço e privacidade. Eles poderiam pegar um pouco mais leve.

– Bom dia, eu tenho um exame de sangue marcado pra agora de manhã. – falei educadamente com a senhorita atrás do balcão de recepção da clínica.

– Christinne Belmore?

– Sim.

– A doutora está livre. Me acompanhe, por favor.

( . . . )

Niall POV

A garota de olhos azuis voltou novamente com sua almofadinha de alfinetes amarrado no pulso e continuou ajustando os detalhes do meu terno. Zayn estava no salão do lado, em pé sobre um alicerce em frente á um grande espelho, recebendo atenção de diversas costureiras. Assim eram com todos nós. Liam, Louis e principalmente Harry.

O dia estava passando rápido e quase todos estavam ficando tão nervosos e ansiosos quanto Harry. Na verdade, ele estava incontrolável. Não parava com aquele sorriso nem um segundo e de hora em hora nos perguntava o que Christinne deveria estar fazendo.

Sim, ele está fudidamente apaixonado.Pobre coitado.

Mas Christinne é uma garota de ouro, ela nasceu pra ser dele e desejo toda a sorte do mundo pra esse casamento. Gosto dos dois, são como os irmãos mais velhos bagunceiros que não tive.

Espero casar um dia também. E ficar desse jeito bobo como Harry está agora. Ele não parece incomodado com nada, a vida parece perfeita ao seus olhos. Eu quero um dia encontrar uma garota que faça isso comigo. Por enquanto, ainda estou descobrindo algumas coisas com Tarenee. Veremos se ela é essa garota que eu quero pra vida inteira.

– Olha esses cinco gatões. – Eleanor chegou acompanhada da Dani no vestuário. Também estavam bem arrumadas e maquiadas.

Liam que me perdoe, mas se Danielle não estivesse com ele… Eu me perderia naquele vestidinho dourado essa noite. Bom, em quaisquer circunstâncias, ela têm meu número, né?

– Niall, você está um arraso! – Daniele piscou.

– Você também, baby! – pisquei de volta. – Liam está no terceiro salão, se estiver procurando ele.

– Ah, sim. Obrigada! – ela sorriu e foi andando ansiosa até lá. Logo depois escutei ela fazendo mil elogios á ele. Liam também não estava de se jogar fora.

– Ficou bom? – Harry apareceu prontamente vestido e penteado. O terno lhe caía com uma luva.

Pelo o que conheço de Christinne, ela vai amar vê-lo formal desse jeito. A gravata em tom claro de cinza tinha alguns detalhes verdes que contrastavam perfeitamente com seus olhos e a pele. Ele era o noivo… Por mais que isso soe gay…. Mais apresentável que eu já tinha visto em toda minha vida.

– Christinne vai adorar. – falei por cima do ombro da menina que ainda me arrumava.

– Eu espero que sim. – ele disse se sentindo confiante ao se olhar no espelho. – Que horas são? – ele se virou esperando a resposta de alguém.

– Você vai acabar morrendo do coração, cara, relaxa. Ainda faltam duas horas e meia pro casamento.

Harry suspirou e voltou a caminhar agoniado pelo vestuário.

Que horas a Anne e a Gemma iam chegar? Alguém tinha que acalmar aquela periquita. Ele mais parecia a noiva que o noivo. Nunca vi isso!

– Chris

– Vira mais um pouquinho, querida. – a costureira disse colocando a mão em meu ombro. De novo ela voltou a apertar mais algumas coisas no vestido, eu estava quase sufocada com aquele espartilho e meus seios já quase não tinham espaço dentro do tecido. Eles estavam apertados e absurdamente colados embaixo do decote em V.

O resultado estava sendo exatamente aquilo que imaginei e gostaria que fosse. O vestido ficava perfeitamente bem em meu corpo, bastasse Harry aprovar quando eu atravessasse as portas da igreja.

Meu coração se acelerava ainda mais conforme os minutos se passavam. Hoje era o dia. O tão esperado dia da minha vida e eu espero que possa ser eternamente feliz com isso a partir daqui.

– Terminado! – a voz da costureira me fez cair rapidamente dos devaneios.

Me olhei do alto até os pés no espelho e sorri instantâneamente.

– Estou linda, obrigada.

– Realmente ficou linda, perfeita! Minha verdadeira princesa. – mamãe disse emocionada me observando da porta do vestuário.

– Mãe, não começa chorar agora ou iremos boiando em um rio de lágrimas daqui até a igreja.

– Chris! Chegou! – Cate apareceu ofegante na porta com um envelope amarelo nas mãos.

– Hã? O que? – mamãe nos olhou curiosa.

– Deixa eu ver. – tentei andar rapidamente com aquele vestido até Cate.

Tomei em minhas mãos e me sentei no pequeno banco de cor branca. Seria melhor estar sentada para a notícia que viria.

– O que é isso, Christinne? – minha mãe começou a perguntar impaciente, me olhando com raiva. Ela odeia ficar de canto, sem saber do que está acontecendo.

– Espera, mãe! Ok? Espera! – falei rasgando o envelope na mesma impaciência.

Peguei o impresso e comecei a ler, tentando manter a calma desde o início. Aquelas palavras eram totalmente desconhecidas do meu dicionário, só um médico formado poderia traduzir todas aquelas fórmulas e coisas esquisitas que estavam letradas ali.

Reli certo ponto, entendi poucas coisas, mas ainda não era o que eu queria saber.

Pulei algumas partes e olhei atentamente um parágrafo em que algumas coisas iam ficando mais claras.

Até encontrar a tal palavrinha que eu tanto temia.