Capítulo 27





No último capítulo…

– Você era a dançarina da festa do Harry?! – Louis deu um passo pra trás, abismado. – Você era a Sabrina?
– Na verdade, eles cancelaram minha apresentação na festa do Harry. Disseram que tinham encontrado outra. – ela disse envergonhada.
– Eu não acredito. – Niall deu a volta pelo camarim, tentando processar todas as informações.
– Para tudo! – Zayn arregalou os olhos. – Então quem era aquela dançarina na festa?
– Eu.
– O QUE?! – todos olharam chocados em minha direção.

[...]

– Eu é quem mandei cancelar a apresentação da Tareene. Eu só descobri que a tal Sabrina era ela pela Dani, um dia antes da festa de despedida. Não era por ciúme, eu só queria me vingar de Harry por umas coisas.
– Crê em Deus Pai! – Zayn colocou a mão na boca. – Christinne, você tem noção do que fez? Os caras estavam babando no seu corpo.
– Principalmente você, né, Malik. – revirei os olhos e vi ele ficar vermelho.
– Eu não quero saber de mais nada! Vocês duas me decepcionaram demais. – Niall ia saindo de cabeça baixa, com a carinha triste.
– Opa, pera aí! Vocês duas quem, querido? Eu não fiz nada pra você!
– Você desrespeitou Harry, você dançou daquele jeito na frente de todos aqueles amigos dele. Será que isso realmente era vingança, Christinne?
– Tá querendo me chamar de que, Horan? Por que a puta aqui, todo mundo sabe muito bem, que é a Tareene!
– EU NÃO SOU PUTA! – ela gritou caindo em lágrimas. – Você não sabe nada da minha vida, você não sabe pelo o que eu passei. Eles me traficaram, ameaçaram minha família, meus amigos. Todos quem eu amava! Você sabe qual é a sensação de estar morrendo aos poucos, de não ter mais chance na vida, de ter sua escolhas nas mãos de bandidos?

Me calei por longos segundos. Também sentia vontade de chorar porque de uma hora pra outra, eu era a principal monstra da história.

– Eu só não queria que você iludisse o Niall, eu não sabia que a história era assim. – minha voz saiu trêmula. – Só não queria vê-lo machucado, ele gosta muito de você.
Zayn e Louis me olharam espantados. Sim, eu estava chorando. Chorando feito uma garotinha esquisita.

– Na hora certa eu ia contar. Você acha que eu também não tenho sentimentos por ele? Eu acho que você não é capaz de parar para observar as pessoas, você nunca abre portas pra pessoas novas na sua vida. Você sempre desconfia de todas elas, o que eu fiz pra você, me diz?

Ela pareceu ter lido minha alma, como algum tipo de Médium. Meu corpo estremeceu. Da minha boca não saía nada mais que soluços.

Sem querer esbarrei afoita em Louis antes de sair correndo do camarim. Eu estava tentando fazer o melhor, só estava tentando proteger quem eu realmente eu me importava.

– A Chris tá chorando! Chris! Chris! Por favor, não chora. Vem aqui! – um grupo de fãs estavam me assistindo do corredor do backstage. Eu tinha realmente me esquecido do mundo exterior.
– Desculpa meninas, não posso. – falei rapidamente enquanto entrava em outra sala. Me tranquei dentro dela e sentei no chão gelado, escondendo o rosto entre os joelhos. Era um sentimento de culpa sem fim.



– Harry S.

Christinne estava dormindo abraçada em um ursinho Pooh que eu tinha lhe dado de aniversário. Essa era a minha foto preferida dela em meu celular, não é a toa que está no meu papel de parede. Estou parecendo um bobo aqui, chorando e olhando nossas fotos, pensando em quantas coisas engraçadas, idiotas, românticas e até mesmo ruins já vivemos. Como se já não bastasse o momento melancólico de saudade, tinha Ed sheeran tocando no meu fone de ouvido. Sozinho, no quarto, ainda iria dar meia-noite, totalmente carente e apaixonado.

Eu estava muito Menininha hoje. Mais feminino que 50 garotas de TPM juntas. Deve ser essa tensão esquisita pro casamento.

Virei pro outro lado da cama e antes que a próxima música começasse a tocar, uma chamada apareceu na tela. *Amor*

– Oi, amor. – atendi.
– Haz, eu preciso de você.
– Chris, você tá chorando? – me sentei na cama.

*Silêncio e soluços*

– Christinne!
– Haz...
– Você está chorando?
– Estou. – ela respondeu baixo, como se estivesse envergonhada. – Eu quero um abraço. – ela choramingou e soluçou em seguida.

Não, essa não era Christinne. Não era possível.

– Ainda está na Arena do centro?
– Sim.
– Então continue aí. Eu estou indo, vou arrumar um jeito de chegar rápido.
– Harry, é melhor n…
– Nem tente me impedir! Beijo, tchau!



– Niall H.

– Niall! Niall, espera! Por favor, não vai embora! – Tareene se jogou na frente do carro e os faróis mostraram sua expressão de desespero. Revirei os olhos e buzinei duas vezes. – Niall, por favor. Não vai assim, não deixa as coisas acabarem desse jeito. Eu gosto tanto de você, eu estou dizendo com toda a sinceridade do meu coração.

Respirei fundo e encarei o outro lado, prendendo a vontade de chorar. Homens não choram, não vou chorar.

– Niall… – ela encostou no capô. – Olha pra mim. Não tente reprimir seus sentimentos, somos tão felizes juntos.

Soquei o volante com raiva e encostei no banco de olhos fechados, sentindo o rosto gelar com as lágrimas que iam caindo.

– Eu te amo, por favor. – ela dizia chorando.

Eu não podia suportar aquilo, eu a amava, como jamais tinha amado outra garota na minha vida. Tínhamos uma ligação forte, eu podia escutar seus batimentos á quilômetros. Eu podia sentir seus sorrisos, seus prantos. Ela era o pedaço mais vivo de mim.

Abri a porta e me retirei do carro, sendo corajoso em andar até Tareene. Ela me olhava assustada, ela não fazia ideia do que eu iria fazer até pegar em sua nuca e cintura do jeito que eu sempre fazia, tirando um suspiro aliviado de seus lábios.

– Niall… – ela sorriu e eu também sorri quando a beijei. Nosso beijo era salgado pelas lágrimas, mas era o melhor de todos os outros. Tinha gosto de saudade matada, de alívio. Os faróis nos iluminavam no meio do estacionamento, Tareene me tocava em cada detalhe do rosto, ela era carinhosa e amorosa, eu adorava o jeito calmo que ela me beijava.
– Eu seria louco se deixasse tudo isso terminar.
– Eu juro por tudo mais sagrado nesse mundo, Niall. Eu ia te contar toda a verdade. Eu juro que ia. – ela começou a chorar.
– Shh. Eu só quero te curtir mais um pouco agora, ok? – selei nossos lábios.



– Chris

Estava praticamente deitada no chão do camarim quando Harry chegou. Ele me olhou meio assustado e fechou a porta com a tranca pra nos deixar á sos.

– Vem, levanta daí. – ele me estendeu uma mão, estranhei seu modo sério de estar falando comigo. Provavelmente ele já estava sabendo de toda a confusão que tinha acontecido, mas eu estava torcendo pra que ele também não me atacasse com quatro pedras na mão, assim como meu melhor amigo.
– Harry…
– Não adianta, você sabe que está errada.

O encarei assustada, estava difícil de prender o choro. Por que todo mundo estava assim comigo?

– E para de chorar.
– O que você quer que eu faça!
– Que seja um pouco mais sensata com si mesma.
– Pelo amor de Deus, eu…
– Que pelo amor de Deus, Christinne? – ele me olhou tão sério e tão profundo… – Me diz! Então você não erra? Você é tão perfeita assim?
– Harry, quer saber? Vai embora! É o melhor que você faz.
– Não. Você não gosta de ser durona? Então vai ter que me ver assim agora. As vezes eu preciso dizer as verdades pra você, as vezes você não consegue controlar suas loucuras.
– Eu sou assim! E não fiz nada de ruim pra ninguém.
– Você acabou com o relacionamento do Niall e a Tareene! Christinne! Por favor!
– Quem é você, hein? Cadê o Harry que sempre me consola e me abraça nos piores momentos?– tombei pro chão de novo e encostei na parede, escondendo o rosto pra chorar.

Ficou um silêncio enorme, eu até tinha achado que ele tinha ido embora, mas não ia virar pra ter certeza.

– Christinne, somente me escuta, tudo bem? – ele disse com a voz mais calma. – Eu te amo e sempre quero o seu bem. Mas você não pode querer que as coisas sejam do jeito que você quer. Sabe? Nossa vida é a nossa vida, você sempre fez loucuras no nosso relacionamento, mas… Me diz quem era você pra falar na frente de outras pessoas que a Tareene  era… Prostituta, sei lá. (?)
– Eu só quis…
– Eu disse para apenas me escutar!

Revirei os olhos.

– E depois, você ainda quer que eu te defenda, mas perde toda a razão quando admite que armou pra tirar a Tareene da festa e entrar como stripper substituta. O que os caras, os meus outros amigos, vão achar quando souberem que a stripper da noite era a minha noiva? Era a minha noiva que estava seduzindo á mim e ao meu melhor amigo?
– Era uma brincadeira!
– E terminou mal! – ele elevou a voz sobre a minha. – Uma brincadeira que nem devia ter começado.

Sim, ele estava tão rude que eu nem me sentia conversando com meu noivo, mas com um estranho amargurado.

– É bom saber que você tem tanta vergonha assim de mim. – o encarei com os olhos inchados de chorar.
– É vergonha do nome que eles colocarão depois em você. Eu me orgulho de estar ao seu lado, é a mulher que eu sempre pedi, mas não quero ninguém te apelidando.
– Viviam me apelidando desde o início do nosso namoro, Harry! Você nunca ligou! Quantas vezes vi a palavra PUTA, VADIA, no meu Twitter por causa do nosso namoro? E por que agora você liga tanto?
– Porque agora você deu motivos pra apelidarem. Infelizmente, deu. Eu tento te proteger, mas você é independente demais pra isso. Faz tudo sem pensar!
– Então não me proteja mais. – levantei e saí da sala.

Quase bati de frente com Cate quando saí. Eu acho que ela ia me procurar neste exato momento naquela sala.

– Christinne! Por que você sumiu? Esqueceu que tem uma viagem daqui a pouco?
– Cancela! – ordenei enquanto andava até o primeiro camarim.
– Como assim, cancela?! É o último show antes das férias! As fãs pagaram caro pelos ingressos.
– Eu disse: Cancela, Cate! – parei e me virei pra ela. – Não escutou? Quer que eu desenhe? Não tem show, não tem viagem e se eu der a louca, desisto de tudo! Eu só quero minha casa! – enxuguei o rosto e voltei a caminhar. Cate ficou parada no meio do caminho, sem entender meu comportamento explosivo.

Encontrei Zoe dormindo no colo de Louis quando cheguei no camarim. Zayn, Niall e Tareene já tinham ido embora pelo visto. Eu vi que ele queria saber o motivo de eu estar chorando, de Harry não estar ao meu lado, já que ele tinha vindo á quilômetros só pra me ver. Mas Zoe estava dormindo serenamente e se déssemos um Pio, ela despertaria chorando assustada e ele só preferiu me entregá-la no colo com a curiosidade queimando na cara.

– Eu tô indo pro apartamento. Qualquer coisa, pode passar lá. – sussurrei com todo cuidado. Louis assentiu, peguei minha bolsa e fui embora. Sempre tinha seguranças na saída, eles conseguiram me levar até o carro sem que nenhuma fã chegasse perto. Hoje, infelizmente, eu não estava com clima pra fotos e nem autógrafos. Eu iria pedir desculpas por tudo isso mais tarde no Twitter, eles nem devem saber um terço do que estou passando.

Os fãs deveriam pensar mais vezes antes de nos julgar quando nossas caras não são as melhores. As vezes podemos estar passando pelas piores tempestades. Daquelas que nada consegue fazer parar a não ser sua boa vontade de sorrir novamente.

No MP3 do carro tocava What Goes around come around e o motorista dirigia tranquilamente para fora do Arena, deixando a multidão de fãs pra trás.

Rum, engraçado como a música se encaixa em mim.

Agora, garota
Eu me lembro de tudo que você afirmou
Você disse que estava seguindo em frente agora
Talvez eu devesse fazer o mesmo
O engraçado nisso é que
Eu estava pronto para te dar meu nome
Pensei que fosse eu e você, baby
E agora, é tudo uma vergonha.
Que eu acho que estava errado.

As vezes o destino gosta de brincar comigo. É irônico porque, o tempo todo, eu brinquei com pessoas, feri os sentimentos dela sem notar.

Girei minha aliança no dedo e suspirei pra não chorar. Seria triste demais sem ele, mas quantas brigas vamos viver? Estou muito farta disso, começo a me perguntar quem realmente é meu noivo, quem realmente sou. Porque sei que já não somos mais os mesmos e isso já faz muito tempo.









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