Capítulo 33







Chris POV

Eleanor e Cate me soltaram, assustadas com o que eu tinha dito. Mais lágrimas descendo em meu rosto, meus passos foram tomando coragem de avançar para crer naquilo que estava bem á minha frente. Não sabia se tinha medo, raiva ou um oceano de felicidade.

– Christinne… – ele suspirou me dando um sorriso.

Pus a mão na boca, evitando um grito de surpresa e medo. Eu estava conversando com o seu espírito, isso era real ou mais um sonho?

– Como você está crescida… Uau! Você é a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida a partir de agora.

Respirar já era difícil e enxergar se tornava um grande sacrifício. Tudo se fechou em uma grande bola negra.


( . . . )


– Oi? Amor? – escutei a voz de Harry e quando abri os olhos, ele estava passando a palma da mão em frente meu rosto, testando a minha visão.
– Harry?
– Está melhor?
– Hm… Cadê a Cate e a Els? – falei um pouco embolado. Minha visão ainda estava turva.
– Elas estão aqui, amor.

Me sentei esforçadamente e coloquei a mão na nuca. A região estava dolorida e incrivelmente só piorava quando eu tentava buscar memórias.

– Eu vi meu pai. – contei relembrando de uma cena que passava na minha cabeça.

Harry, Cate e Eleanor se entreolharam. Todos preocupados e em silêncio.

– O que foi? – olhei para os três respectivamente.
– Precisamos conversar. – Harry sentou ao meu lado.

Sabe quando você tem uma vontade esquisita de chorar e não sabe o por quê? Bom, era exatamente isso que acontecia comigo.

– Ei, o que foi? – Harry limpou a lágrima que caía.
– Vamos ficar aqui fora. – Cate disse se levantando com Eleanor.
– Harry, só me responda se o que eu acabei de dizer realmente aconteceu.

Harry respirou fundo e me olhou como se procurasse algumas palavras. Eu realmente tinha visto meu pai?

– Diz Harry! – entrei em desespero. – Eu vi o meu pai?
– Ele está lá fora. – disse calmo.

Minha garganta se fechou e o chão abaixo dos meus pés se abriram. Eu não sabia exatamente o que pensar, o que dizer ou sentir, pois tudo estava sendo complicado e estranho demais para mim.

– Meu pai está vivo? – tentei não choramingar.
– Sim, ele está. – Harry parecia um pouco confuso com tudo.
– Isso é possível?
– O que? Uma pessoa morrer e depois voltar de repente? – perguntou irônico. – Em um universo paralelo talvez… Mas enfim, ele está vivo.

Ri fraco e Harry ficou me olhando com aquele sorrisinho bobo. Talvez ele seja o único que me faça rir em situações tão séria.

– Em um universo paralelo? – perguntei ainda rindo.
– Você realmente achou graça disso?

Balancei a cabeça tentando parar de imaginar coisas idiotas, mas sem querer soltei uma gargalhada.

– Harry, você merece um diploma de retardado.
– Devo considerar como elogio?
– Depende do seu nível de idiotice.

Ele ainda parou pra pensar. Vindo de Harry, já não me assusta mais.

– E o que eu devo fazer agora? Falar com ele? – franzi a testa. – Isso soa tão estranho. Digo, eu não deveria conversar com alguém que técnicamente está morto.
– Olha, eu sei que pode ser estranho pra você, Chris. Mas seu pai sempre esteve “morto” esse tempo todo e agora você tem a chance de vê-lo. – Harry disse me olhando seriamente. Ele segurou minha mão e acariciou. – Talvez tenha sido um mal entendido e do jeito que eu vi, ele está morrendo de saudade de você.

Cocei os olhos pra disfarçar a vontade de chorar, mas Harry notou e me abraçou em seu peito.

– Eu vou estar aqui com você pra tudo. Não se preocupe. – sussurrou alisando meu cabelo.
– Eu não sei o que eu faço. – comecei a chorar. – Eu sinto saudade dele, mas estou com medo. Eu lembro de visitar meu pai vários dias no hospital, mas como ele… – suspirei e abracei Harry ainda mais derrotada.
– Quer que eu diga pra ele ir embora?

Isso seria certo? Mandar alguém ir até meu pai e dizer que eu não queria vê-lo, depois desses anos inteiros? Podia até não parecer certo, mas se ele não esteve morto todo esse tempo, porque não procurou minha mãe ou até mesmo á mim? Isso também parece certo?

– Não. – respondi me recompondo no sofá e secando as lágrimas. Harry me olhava preocupado. – Sabe, eu não posso tratá-lo assim. Se ele está vivo aqui, algum mal entendido aconteceu e eu preciso saber como foi isso.
– Bom, era exatamente isso que eu estava pensando.
– Então acha melhor eu ir até lá?

Harry assentiu com um meio sorriso.

– E como ele está?
– Pergunta fisicamente?
– Sim.
– Ahn… Muito parecido com você.
– Se ele é meu pai, né. – revirei os olhos. – Tudo bem. Fala pra ele entrar então. – respirei fundo e o coração passou a bater mais rápido.
Harry se levantou e murmurou um Já volto. Me encostei no sofá e fechei os olhos, só pra tentar relembrar algo do meu pai.


FlashBack ON

– Olha, papai! Sem as mãos! – sorri emocionada enquanto pedalava na rua de casa. Meu pai sorria e vinha andando logo atrás pra me proteger.
– Parabéns, Chris! Dê mais uma volta para eu ver. – ele disse batendo palmas.

Fiz a curva na esquina e voltei pedalando um pouco mais forte. Era boa a sensação de ter o vento batendo no cabelo e papai sempre me deu liberdade em todos os tipos de brincadeira.

– Christinne, a lixeira! – foi tudo que escutei antes de tombar em alguns sacos de lixo com a minha bicicleta.
– Papai! – levantei chorando e um pouco de sangue saía do meu joelho. Lembro dele me pegar no colo e eu encostar minha cabeça em seu ombro.
– Oh, princesa. Vamos pra dentro! Vou cuidar desse joelho.

FlashBack OFF


Chris! – olhei pra Harry e lá estava ele parado na porta, junto com um homem mais velho e pouco barbudo. Seus cabelos eram negros e alguns fios já estava pegando o tom grisalho da idade mais madura. Ele tinha um sorriso inconfundível e seus olhos eram claros e puros.

Eu estava com medo. Vários medos. E um deles era decepcioná-lo. Porque, por mais que ele tivesse sumido e me deixado frágil esse tempo todo, ele era meu pai. E eu ainda o amava da mesma maneira que o amava quando o vi pela última vez, antes de ser internado naquele hospital.

– Oi. – ele disse com a voz bem mais madura da que eu me lembrava e avançou alguns passos timidamente. Uma distância considerável entre eu e ele.
– Christinne! Ele disse oi. – Harry me chamou atenção.

Engoli em seco. Não tinha palavras coerentes que eu pudesse falar naquele momento. Era estranho.

– Filha, você está bem?
– Não é possível. – falei com si mesma e virei para o lado, controlando lágrimas. – Onde você estava todos esses anos? De verdade!
– Eu sempre estive na Bélgica! Como assim “Não é possível?”
– Bélgica?! – eu e Harry falamos juntos.
– Filha, eu sempre te mandei cartas dizendo isso. Eu fui para o tratamento do câncer, não se lembra? Eu prometi que quando me curasse voltaria! – agora quem não entendia muita coisa era ele. Pois falava como se aquilo fosse óbvio e eu fosse a única a não compreender.
– Mamãe disse que você tinha morrido naquele hospital do Rio! – gritei quase chorando.
– Eu? Tinha morrido?! – aqueles olhos claros quase saltaram da face. – Mas que brincadeira idiota é essa, Christinne? – lembro dele me chamar pelo nome completo toda vez que ficava bravo. Eu ia sorrir com aquilo, mas era um momento sério e eu precisava saber o que estava acontecendo.
– Não é brincadeira coisa alguma! Sabe quantas noites eu chorei pela sua ausência quando era criança? Sabe quantas orações e promessas eu fiz pra tê-lo de volta? Você nem deve fazer ideia do quanto eu sofri por isso. Eu passei uma adolescência inteira sem um PAI!
– Vocês precisam conversar sozinhos. – Harry disse já se retirando da sala.
– Eu jamais faria uma coisas dessas de propósito, Christinne. Por que um Ser humano faria isso com a própria filha? Eu sempre te amei, mais do á minha vida. E ainda te amo!

Ok. Aquela declaração acabou com o meu emocional. Já não basta o casamento se aproximando de novo e agora meu pai aparece. Derramei um rio enquanto ele vinha me abraçar em seu peito. Eu simplesmente não podia recusar, seus braços eram a melhor coisa do mundo e eu sentia falta daquilo há muito tempo. Quantas vezes não desejei á Deus que me desse um dia para me despedir do meu pai? Quando eu achava que ele realmente estava morto.

– Eu só não fui embora de uma vez porque ainda amava muito a minha mãe. – sussurrei com o rosto afogado em sua camisa, o abraçando ainda mais forte.
– Que bom, Tine. – ele riu. – Lembra disso?
– Ainda lembra desse apelido? – sorri, levantando o rosto para encará-lo. Ele assentiu com a cabeça. – Só não conte pra Harry, ok? Eu até gosto, mas ele me perturbaria com isso.
– Quem é esse Harry, hein? – senti uma pontada de ciúme e ri. Meu Deus, era tão bom ter um pai novamente.
– Meu noivo. Aquele que estava aqui dentro.
– Harry Styles é seu noivo? – ele me desabraçou e ficou me encarando. – Christinne, então você realmente é aquela Chris das revistas?
– Pois é, né. Engraçado que só agora você percebeu. Prazer, Chris. – estiquei a mão e ele riu.
– Sua mãe nunca gostou desse apelido.
– Mas convenhamos que Tine também não era tão bom. Aliás, meu nome não é tão bom. – rimos. – Mas, pai… Então por que eu nunca soube que você estava na Bélgica? Por que eu nunca recebi essas “cartas”?
– Eu também não faço ideia.
– E por que você saiu do Rio e não avisou á minha mãe?
– Chris, a sua mãe sabia. – ele disse estranhando. – Ela quem recomendou o hospital na Bélgica.
– QUE?!
– Ela nunca te disse isso? – neguei aterrorizada. – Era de se esperar, mas eu nunca achei que ela fosse mentir tão forte, a ponto de querer me “matar”. – disse com um suspiro. – Brigamos na última noite que estive no Rio. – ele se sentou comigo ao sofá, paciente em explicar cada detalhe. – E então…



( . . . )


Bom, eu nunca fui tão normal. Até então tudo bem. Dei sorte de ter encontrado alguém tão especial como Harry, porque pra falar a verdade, foi ele quem me fez enxergar o lado bom da vida. Londres era uma escolha para encontrar um refúgio para todos os problemas que me rondavam depois que meu pai tinha supostamente falecido. Minha mãe meio que achava que uma viagem dos meus sonhos e muitos mimos iriam me fazer esquecer a dor de perder um Pai. Talvez não fosse o certo a se fazer por mim, mas se não fosse por isso, eu jamais teria conhecido Harry e muito menos Zoe. Minha segunda e mais importante vida.

Não posso reclamar, minha mãe sempre foi um anjo. Mas agora não sei dizer quem ela é de verdade. Ela escondeu o segredo mais importante pra mim todo esse tempo. Sempre fingiu sofrer pela morte do meu pai enquanto ele sempre esteve vivo, contando dias dentro de um hospital para me ver novamente. Não me importa se eles brigaram uma noite porque ela tinha descoberto de uma traição do meu pai, não importa o quanto aquilo doeu nela, eu era apenas uma criança! Eu estava carente naquele momento, meu pai estava a beira da morte e ela decidiu da forma mais cruel fazer com que ele sumisse da minha mente para que eu não a enchesse de perguntas, durante anos, sobre sua volta.

Não que eu esteja com ódio incalculável da minha mãe, até porque de nada vai adiantar nessa altura do campeonato. O mais difícil já passou e agora eu sei exatamente onde ele está. Mas por que ela fez isso comigo? Ela nunca sentiu pena de me ver chorando no dia dos pais por ser a única criança na porcaria daquele bairro sem um pai?

Eu simplesmente não entendo.

– Esta é Zoe. – peguei-a do colo de Cate. Meu pai ficou admirado e… Emocionado? Omg, ele não pode chorar. Se ele fizer isso, eu vou acabar fazendo o mesmo de novo. – Vamos, Zoe. Diga Oi pro vovô.
– Christinne, você me surpreende a cada minuto. – ele disse rindo enquanto a pegava no colo. – Mas… Ela é tão perfeita. De onde vieram esses olhos verdes?
– Harry. – sorri.
– Oi, Zoe. – ele apertou sua bochecha e ela deu meio sorriso. – Você tem sorte de ter uma mãe assim, sabia?
– Mama!
– Pois é, a mamãe. – ele respondeu sorrindo com ela.
– Já percebi que estão se dando bem. – Harry murmurou no meu ouvido enquanto me abraçava por trás de repente.
– Ainda bem.
– Fico feliz por você. Muito mesmo. – beijou minha bochecha.
– Ei, rapaz. Ainda temos muito o que conversar. – meu pai fingiu estar sério com ele. Mesmo depois de muitos anos eu ainda conhecia suas brincadeiras.
– É claro, iremos com certeza. – Harry respondeu me soltando.
– É brincadeira, Haz. – ri.
– Relaxa. – meu pai deu um leve tapinha em seu ombro e riu também. – Mas a conversa realmente vamos ter. Só que depois. Primeiro eu quero recuperar o tempo com essas princesas. Você me entende?
– Sem dúvidas. – Harry sorriu.

Eu espero que Harry e papai se dêem muito bem. Amo os dois e seria incrível se eles se tratassem como pai e filho, sempre se divertindo um com o outro. Meu pai é um cara legal, porém muito ciumento, então vai demorar que esse dia perfeito chegue. Mas eu vou torcer para que não demore taaaaaaanto assim.







Vas Happenin?

O que acharam do Cap.?
Em breve vem casamento :3
Dessa vez pra valer!
Malikisses, Biia.









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