Capítulo 5

– Chris

– Harry!

– Sam!

Os dois se abraçaram por longos segundos na porta da sala. Eu e Niall nos entreolhamos, suspiramos longamente e voltamos a prestar atenção nos amiguinhos. Harry a soltou e começou a falar coisas aleatórias enquanto a convidava para entrar.

– Essa é a minha noiva. Christinne. – Harry me abraçou de lado e Sam estendeu a mão para nos cumprimentarmos.

– Harry sempre falou bastante de você. É um prazer!

Olhei Harry com os olhos estreitos, mas ele fingiu não ver, então voltei atenção á Sam. Tinha me esquecido de cumprimentá-la de volta.

– Sinta-se á vontade no nosso apartamento. – forcei um sorriso inteiramente simpático.

– Fizemos pizza. – ele disse com Sam. – Niall, traga o tabuleiro, por favor! – gritou direcionado á cozinha.

– E a pequena Zoe? – Sam perguntou enquanto se sentava no sofá, á pedido de Harry.

– Está com Niall na cozinha. Já está grandinha, aprendeu a dizer papai. – contou abobalhado. Sorri automaticamente e escapei da sala, já que estava sobrando no reencontro amigável.

Niall estava na cozinha tentando cortar a pizza e manter os olhos em Zoe. Ela gosta de ficar sentada no balcão, mas nem sempre é confiável deixá-la fora de vigia. Nunca se sabe o que ela pode pegar dali de cima e enfiar na boca.

– Dá tchauzinho pro Niall, Zô. – peguei-a no colo, sentindo sua cabeça deitar-se em meu ombro. Preguiçosamente ela levantou a mãozinha e acenou para Niall enquanto eu a levava para fora da cozinha.

Abri a porta da sacada e me sentei no divã azul marinho. Estava um pouco frio, os postes iluminavam metade da rua, os semáforos trocavam de alerta para o Nada. Nenhum carro vagava pelo bairro, nem um pedestre ou um cachorro de rua. As pessoas preferem se trancar em casa e se abrigar debaixo dos cobertores. Já deve estar quase dando sete horas da noite.

– Tátá! – Zoe apontou para o céu, os olhos brilhando com o encontro das estrelas.

– É, é lindo sim, Zô.

– Tátá! – insistiu em apontar. Já estava frustrada, suas perninhas estavam agitadas como sempre ficam quando quer fazer pirraça.

– Aquilo é um avião, Zoe. – apontei para o alto, seguindo o caminho do avião. Zoe se encostou em meu peito e ficou por observar juntamente á mim. – A-vi-ão! Fala!

– Vivião!

– Vivião?!Ok, tudo bem.– ri e beijei sua bochecha. – Com o tempo você vai aprender.

E só espero que aprenda “Mamãe” também.

XX

A madrugada foi coberta de sonhos, pesadelos estranhos, onde a maioria Harry aparecia pronto para o casamento. Sua feição estava mudada, não sei exatamente dizer o quê havia mudado, mas não me passava medo, ao contrário. Ele estava perfeito! Mas em outros sonhos, estávamos brigando. Nunca tínhamos brigado daquele jeito, com tantos gritos e ódio. Ele parecia cansado de mim, cansado do que eu dizia, parecia já ter decorado todo o repertório da nossa discussão. Acordei ofegante, tinha suor descendo da minha testa, meu coração parecia estar em Carnaval, porém Harry estava dormindo tranquilamente ao meu lado, o que indicava ser apenas um terrível pesadelo. Só então consegui dormir mais tranquila, Zoe estava quietinha também, e o resto da madrugada passou-se voando.

– Psiu! Tá dormindo ainda? – Harry sussurrava em meu ouvido, deixando curtos beijos onde alcançava em meu rosto.

Abri os olhos e sorri ao encontrar seus olhos verdes extremamente próximos aos meus.  Meus insignificantes olhos. Insignificantes demais diante dos seus. Encostei nossos lábios sem pressa para nada, apenas sentindo nossos sabores, até senti-los ficar adormecidos.

– Não quer tomar um café comigo? – disse ele olhando para a bandeja suporte em cima da nossa cama.

– Um café da manhã na cama? – sentei, ainda sem acreditar no que estava vendo. – Quem fez isso?

– A pessoa que está na sua frente. – respondeu sorrindo.

– Não vejo ninguém! – Harry desmanchou o sorriso. – Brincadeira! – ri e puxei seu rosto para beijá-lo. Mordi seu nariz e o deixei com as bochechas vermelhas, pela primeira vez em tanto tempo.

– Vem cá, vamos comer. – me puxou entre suas pernas e pôs a bandeja em nossa frente. – Quer provar primeiro? – perguntou com o queixo apoiado em meu ombro, sua respiração estava tão perto...

– Ok, o que é isso?

– Ovos! Não tá vendo? – disse brincalhão e bati em sua perna. – Ei! Isso dói!

– Tem que depilar essa perna, Haz. – enrolei um pequeno fio de cabelo em meu dedo.

– Depilação é pra mulher. – disse sério tirando minha mão dali.

– Então não gosta que eu mexa nos seus pelinhos? – segurei o riso, virando o rosto para encará-lo.

– Você não gosta que eu mexa no seu pé e eu não fico zoando.

– Mas acontece que meu pé é feio.

– E pêlos são nojentos! Não deve ficar brincando com pelos na hora do café.

– Mas seu pelo é fofo.

Harry riu incrédulo e me fitou por longos segundos, esperando uma outra justificativa.

– Se você tivesse barba também ficaria charmoso.

– Ahn... Não.

– Ficaria sim!

– Qual o seu problema com pelos?

– São sexys!

– Sexys?! – riu debochado. – Vamos comer, vamos. Tanta coisa boa e você aí falando besteira. Acordou um pouco doida hoje.

– Acordei com vontade de você! – mordi os lábios e o empurrei contra o travesseiro, seguindo-o por cima.

Ele me olhou surpreso,mas acabou se deixando levar pelo beijo. Bastava estar em contato com seus lábios que minha alma viajava aos céus. Existe um tipo de elemento X em sua boca, um dia eu irei descobrir que droga é essa que me alucina, as vezes me esqueço que não estou respirando. Suas mãos se apegaram em minha cintura, circulando-a com desejo, enquanto meu corpo se apoderava da mesma tensão. Um suspiro escapou da minha boca ao fim do beijo e simultaneamente um barulho foi escutado do outro lado, seguido do choro de Zoe.

Eu não sei como não tive um infarto no momento exato, mas descartando essa ideia, tive que sair correndo do quarto, atropelando tudo que estava á minha frente até chegar ao quarto de Zoe.

A pequena estava caída de bruços no chão e a toquinha estava ao lado, tinha escapado da sua cabeça. A grade do berço estava abaixada, sinal de que ela tinha tentado escapar de lá sem obter sucesso.

– O que você tem nessa sua cabeça? – corri desesperada e a pus em meu colo, ainda aos berros extremamente altos.

– O que aconteceu? – Harry chegou ofegante ao quarto.

– Zoe tentou pular do berço. Eu já disse pra travar aquela merda, mas você não escuta! – esbravejei nervosa.

– Ei, fala baixo!

– Se acontecesse alguma coisa com a minha filha, Harry, eu juro que te mataria! – saí em direção ao corredor para a cozinha. Meu coração ainda estava uma pilha de nervos só de imaginar se Zoe batesse com a cabeça no chão. Minha vida iria embora junto com a dela.

Sentei-a no balcão da cozinha e olhei atentamente seu rosto á procura de algum arranhão ou sangue. Por enquanto tudo continuava normal. Olhei sua nuca e a região do topo da cabeça, mas também não havia nada. Graças a Deus! Apenas acabava de crescer uma galo na testa.

– Não dê mais esses sustos na mamãe, por favor. – supliquei dando um beijo em cima do machucado em sua testa.

– Ela está bem agora? – Harry apareceu na cozinha. Eu o tinha tratado tão fria de uma hora pra outra, como fui estúpida, mas fiquei tão preocupada com Zoe.

– Está sim. E... – suspirei. – Me desculpa?

– Não, eu fui culpado.

– Não, Harry. Não foi culpado, ninguém é perfeito, você só esqueceu de travar aquilo e eu...

– Shh! Tá tudo bem, tá? – se aproximou me tirando Zoe do colo e dando um beijo em cada uma de nós. – Também fiquei assustado, mas não aconteceu nada. Eu vou ser melhor da próxima vez, prometo!

– E eu vou ser menos grossa. – sorri de canto.

– Aham. – respondeu debochado, me fazendo rir.

É, eu realmente não seria menos grossa. Tenho pavio curto, é de nascença, fazer o quê?

Harry S.

– Então nós vamos escolher um vestido maneiro, um sapatinho novo, não é mesmo? – olhei pelo espelho retrovisor. Zoe estava chupando a chupeta calmamente, com os olhos atentos ao painel do carro. – Você deve amar rosa, né? A mamãe sempre te veste com rosa. Espero que goste de tudo que tiver rosa. – olhei-a de relance novamente. Tão linda com aquele lacinho na cabeça.

Estacionei o carro e tirei a carteira do porta luvas, pondo-a em meu bolso traseiro. A área estava lotada de carros, o que significa, lotado de gente. Eu espero que não tenha paparazzis por aqui, que ninguém faça um tumulto ou melhor! Que eu passe despercebido, só por hoje. Apenas quero aproveitar um dia de compras com a minha pequena.

– Pronta para decolar? – forcei uma voz firme enquanto tirava Zoe do carro, fazendo-a de aviãozinho. Ela riu, ficou um pouquinho vermelha e golfou. Ecati! Nunca mais faço isso. Preciso anotar.

Entramos na primeira loja do shopping, que não estava tão cheia quanto eu imaginava. Preferi trazer Zoe em meu colo ao invés de ficar empurrando-a em um carrinho totalmente complicado pra tirar e colocar dentro do carro. Posso levá-la apenas com uma mão!

– Posso ajudá-lo? – a vendedora me recebeu assim que atravessei a entrada da loja.

– Quero um vestido perfeito pra essa princesa.

– Niall H.

Lá estava eu. Quero dizer, eu mais a poltrona e o maldito telefone. Eu o mirava, ele me mirava de volta. Nenhum toque, nenhuma mensagem no correio de voz... Eu estava enlouquecendo! Tirei e recoloquei o boné depois de bagunçar o cabelo, mais uma vez. Agonia, agonia,  AGONIA! Por que ela não liga? Por que ela não acaba com essa droga de uma vez e diz que não quer sair comigo. Hein? A Chris só me dá conselhos errados, eu mereço! Odeio essa merda de amor, de mimimi, nhenhé, buquezinho de flores, cineminha.... Blargh! Que coisa mais gay!

TRRIIIIIIIM!

Levantei da poltrona em um pulo, peguei o telefone e sentei novamente na poltrona, encontrando fôlego para dizer, ao menos, um alô.

– Pronto. Horan falando.

– Niall?

E assim meu coração disparou. Porra! O que ela tem nessa voz? Por que eu fico tão... Babaca?

– Tarenee?

– Sim, sou eu, Niall. – poderia sentir que ela estava sorrindo agora. – Estou te incomodando?

– I-incomodando? NÃO, IMAGINA! Claro que não, e-eu... É sempre bom receber sua ligação e... – respirei fundo e cocei a cabeça. O que está acontecendo? Droga! – Desculpe, eu tomei, tomei...

– Tomou...?

– Um energético esquisito e tô atropelando as palavras.

– Você tá bêbado?

Valeu, Niall!

– Não! Não, estou bêbado, só estou...

Apaixonado?

– Só estou... Cansado. – omiti. – Mas então, ao que devo a honra da sua ligação?

– É que você me chamou pra sair. – ela riu de leve. – Então eu só liguei pra saber se ainda estava de pé.

– Wow! Bom... É claro que ainda está de pé. Na sexta, certo?

– É, na sexta.

– Ótimo! Eu te busco ás nove, tá bom assim?

– Éér... Eu tenho faculdade essa hora e... Bem, se você for lá me buscar, não vai ser muito bom. – riu. – É melhor a gente se encontrar.

– Ah... Tudo bem. – não, não estava tudo bem. Eu não quero ela andando sozinha por aí. – Então a gente se encontra no... Ahn... Ah, num restaurante japonês?

– Eu não como peixe, desculpa. É o estômago, sabe. Eu não quero ser chata, Niall, mas...

– Ei, ei! Tá tudo bem, calma. – sorri. – Eu vou providenciar outro lugar, tá tudo bem.

– Oh, sério?! Que bom! Obrigada, eu não queria rejeitar. Não queria mesmo. – ela riu. – Então nos vemos na sexta!

– Na sexta!

– Ótimo! Tchau, Nialler!

– Tchau, Táh!

Ligação off.

Droga! Eu preciso estar impecável na sexta. Não posso ir de mãos abanando, o que eu darei á ela? Primeiro encontro é importante. Talvez uma rosa? É, uma rosa! Tarenee tem cara de gente que gosta de rosas. Um buquê ou uma solitária? Porra, pareço uma garotinha de treze anos. Preciso de ajuda!

– Alô? Chris?

– Tátátá..

– Zoe? Cadê sua mãe?

– …

– Zô? Zoe?

– Zoe, larga meu celular! – Christinne a repreendeu ao fundo.

– Pápápá.

– Niall?

– Chris! Ah, Chris você é a minha salvação!

– O que foi agora?

– Vou ignorar sua má vontade, mas... Eu não sei o que levar em um primeiro encontro. Pode me ajudar?

Escutei ela rir do outro lado da linha e em seguida disse um sonoro sim, bem animado. Mulheres gostam de ajudar nessas coisas, Christinne é bem dessas. Espero que ela venha rápido.

Vas Happenin?

O que acharam do capítulo?

Niall está tão cute apaixonado.

No próximo vocês vão entender melhor quem é a Tarenee.

E a Zozo fugindo do berço? Oh God!

Malikisses, Biia