Capítulo 13





Duas semanas depois...

- Chris



Hoje é um grande dia. Nunca estive tão ansiosa. São tantos acontecimentos em apenas uma semana, nem sei se meu coração aguenta. Harry vai voltar á turnê, suas folgas estão terminando. Passou voando! A festa da Zoe é mês que vem, a maioria das coisas estão prontas, ao contrário dos preparativos do casamento. Faltam três meses e ainda não escolhemos muita coisa. O buffet selecionado para exercer esse cargo tinha dito que ia dar conta da decoração, conforme as cores escolhidas por mim e Harry. Minha mãe e Anne também estão nessa tarefa, as duas tem se encontrando quase todo final de semana para discutir os detalhes do nosso casamento. A pressão está aumentando a cada momento, parece que uma cerimônia pode mudar grandes coisas na minha vida. De certa forma, vai mudar. Será que estamos preparados? Eu espero que sim. Muito preparados!

Harry desceu do carro e me acompanhou de mãos dadas até o consultório. Um flashback tomava conta da minha memória. Aquela noite horrível em que eu sangrava como estivesse com as horas contadas, chorando de medo, sendo amparada por Harry. Foi uma das piores noites da minha vida. Queria poder não me lembrar disso mais vezes, mas dizem que coisas ruins são necessárias acontecer para nos tornar mais fortes.

A recepcionista nos prometeu ser atendidos em cinco minutos, a doutora Katy estava terminando uma consulta. Um frio desceu pela minha barriga ao olhar para os corredores brancos do hospital. Não queria visitar esse tipo de lugar uma vez por mês ou por semana. Lembranças terríveis me assombram desde a morte do meu pai. Foram anos difíceis de superação, não quero reviver todo aquele sofrimento mais uma vez. Um sofrimento que pareceu durar uma vida! Ele era meu herói, o melhor, o mais lindo. Queria abraçá-lo pela primeira-ultima vez. Como sinto sua falta...

A paciente saiu da sala 2. A atendente me chamou logo em seguida. Harry me olhou com um sorriso confiante, ele tinha dito nesses últimos dias que tudo daria certo. Confio nele, em tudo o que ele diz. Mas eu só queria confiar nessas palavras, porque é muito difícil acreditar. Entramos no consultória e a doutora Katy nos tratou simpática, perguntando sobre meus últimos dias tomando as medicações. Elas causavam algumas reações estranhas, como a dor de cabeça, mas a bula dizia que era natural acontecer.

Comecei a trocar a roupa comum pela camisola de exames. Katy faria a ultrassonografia para, finalmente, avaliar as condições do Mioma depois dessas semanas de tratamento. Meu coração batia forte, tudo o que eu conseguia processar era Harry, Zoe, aniversário e casamento. Eu apenas queria aproveitar isso enquanto estivesse bem, rezava pra que nada estivesse piorado.

Quando o exame terminou, Katy pediu que esperássemos alguns minutos na recepção que logo ela traria os resultados dentro dos envelopes. Já devia ter meia hora que estávamos dentro daquele hospital, havia paparazzis do lado de fora nos espionando insanamente, não tinha nada que conseguisse acalmar meu nervosismo. Apenas algumas palavras de Harry, vez ou outra. 

- Christinne! - Katy me chamou vindo de encontro. Apertei a mão de Harry com mais força. - Aqui estão seus exames e o resultado. - ela me olhou com um sorriso que fez minha fé chegar ao topo. Aquilo era algum sinal de melhora? Ela estava querendo me dizer isso com aquele sorriso? - O que eu posso te dizer é que, você ficará livre das minhas consultas um bom tempo. 
- Então eu estou bem?
- Ela está muito ansiosa. - Harry sorriu para a enfermeira. - Mas acho melhor abrir em casa.

Não adiantava de nada, já que eu acabava de rasgar o envelope grande com o resultado. Os dois sorriam com a minha ansiedade e a pressa. Infelizmente eu não conseguia fazer o mesmo ato, estava muito nervosa. Me sentei no banco de espera novamente e passei a ler cada linha daqueles exames atentamente. Algumas coisas eu não entendia com clareza, coisa que só profissionais do ramo da medicina entenderiam, mas outras estavam mais do que claras.

- O tumor diminuiu? - meu sorriso saiu espontaneamente.

- Ele teve uma grande melhora, Chris. O tamanho é quase semelhante á de um grão de feijão. Não pode te trazer mais riscos.
- Oh, my god. - foi tudo que conseguia pronunciar diante daquela notícia ótima. Harry me abraçou carinhosamente e em seguida agradeceu Katy por todo o trabalho bem feito que ela tinha feito comigo.

XX



- Tareene 

Assim que pus os pés dentro daquela loja imunda, os olhares se voltaram curiosos. Lembro de ter prometido não entrar nesse lugar nunca mais. Desci as escadas de madeira, chegando no espaço mais sombrio e nojento daquele lugar. Jeremy estava confortável em sua cadeira giratória, folheando uma papelada amarelada por trás da sua enorme mesa de granito. Seus olhos levantaram-se assim que notaram minha presença em seu "escritório". Algumas vadias estavam apenas de saia e sutiã em sua volta, o alisando e puxando saco para ganhar sua confiança.

- Tareene Smith. Que honra!

- Honra? - suspirei irônica. - Como as coisas mudaram... - me aproximei da cadeira de visitantes a fronte de sua mesa.
- Com licença, garotas. O papai precisa ter um particular agora. - ele disse expulsando as garotas de programa que o paparicavam melosamente por trás da cadeira. As duas fizeram um biquinho triste e saíram da sala, nos deixando a sós. Se é que eu poderia chamar aquele cubico imundo de sala.
- O que você quer comigo? Já não te dei dinheiro o suficiente? Porque não me deixa em paz?!
- Quem nasce pra ser garota de programa sempre será garota de programa.
- EU NÃO SOU MAIS! 

Jeremy sorriu malignamente e organizou alguns papéis em cima da mesa, deixando meu coração aflito. Aquele gesto sempre significava uma única coisa. Sua mão voltou a mesa deixando um calibre 38 sobre ela, como uma forma de intimidação.


- Agora podemos conversar civilizadamente? - ele olhou para minha face assustada e o calibre na mesa, respectivamente. Seu sorriso só alargou mais ainda ao saborear do meu silêncio de medo. Não acreditava que estava sendo manipulada por aquele monstro novamente. - Ótimo! Então vou começar dizendo que tenho um ótimo serviço pra você. Fique feliz porque esse realmente é o melhor, Sabrina. - deu ênfase, sorrindo malicioso. Meu estômago embrulhou ao lembrar de todas as maldades que eu tinha sofrido em suas mãos. As vezes que fui obrigada a se submeter á trabalhos pesados, prostituição, drogas, bebidas... Minha vida estava de cabeça pra baixo.

- Tareene! TA-REE -NE! Aprenda meu nome!
- Os clientes que estamos recebendo tem bastante peso na indústria da música. - ele continuou sem me dar ouvidos, ignorando qualquer palavra que saísse da minha boca. - E você sabe que quando temos pedidos desse porte, a grana rende de verdade.
- Por favor, Jeremy. Me diga quanto você quer! Só isso! Eu te dou quanto quiser, mas pare de ameaçar minha família e á mim também. Você assinou minha liberdade, você lembra! Te dei tudo o que devia, por favor, pare!
- Prefere assinar hoje ou amanhã? 

Meus olhos encheram-se d'água, mas eu não ia fraquejar na sua frente. Não, eu NÃO ia! Chorei muitas vezes, me humilhei demais aos seus pés, mas agora acabou. É, acabou! Ele não pode interferir na minha vida. Tínhamos um acordo, eu cumpri, eu o paguei. Minha liberdade foi estabelecida em papel passado e presente, com todas as libras necessárias.


- Eu já disse que não vou trabalhar em nada! - tirei a bolsa do colo e levantei, ignorando sua proposta incabível, indo em direção a saída. Mas meus pés travaram ao escutar a arma ser recarregada. Virei em sua direção, tentando crer que ele não estava levando aquilo á sério. - Abaixa essa arma, Jeremy!

- Volte aqui e sente! - disse frio, com uma carranca estampada no rosto.

Meu sangue gelou. Ele não estava pra brincadeira. As escolhas eram: Voltar pra cadeira ou cair dentro de um caixão. Jeremy nunca brincou com uma arma na mão. Se ele a pegava, seria para fazê-la funcionar, porque era assim que as armas funcionavam em seu poder. Quantas mortes não assisti de perto? Por que tudo isso está voltando?


- Boa garota. - ele sorriu satisfeito quando me sentei de volta na cadeira. - Agora responda: Prefere assinar hoje ou amanhã.

- O que eu preciso fazer?
- O que você sempre fez! - Jeremy respondeu furioso, jogando os papéis na minha frente. - Você me deixa sem paciência, Sabrina. Assina esses papéis logo! Eu tento ser legal com você, mas NÃO DÁ!

Minhas mãos tremelicavam enquanto forçava minha grafia no papel. Aquilo tudo de novo não, isso tinha que ser um pesadelo. Cadê a Mary pra me acordar e dizer que o café já está na mesa ou Billy lambendo minha mão? Por favor, que seja um pesadelo!

- Está aqui. - empurrei o papel na mesa e apertei os olhos evitando as lágrimas.
- Hm. Bom! Muito bom! - Jeremy analisou com cuidado. - Essa festa vai render muita grana, espero que faça um bom trabalho pra esses rapazes. Não me traga confusões, garota! - gesticulou ainda com a arma na mão. - Quando a data for marcada, meus "funcionários" entrarão em contato com você. Agora suma!
- Não chegue perto da minha família, Jeremy. Eu te peço! Eles não tem nada a ver com isso aqui.
- EU DISSE PRA SUMIR! VAI!

As lágrimas não foram sustentadas e escorreram pelas minhas bochechas. Levantei com a bolsa e sai em disparada dali. As garotas que ocupavam os corredores daquele bordel me olhavam com desprezo, minhas boas vestes a causavam ódio, sei que elas odiavam receber "patricinhas" naquele lugar. Jeremy sempre tivera uma queda pelas mais bem vestidas e ela já desconfiavam do que estávamos tratando naquela sala. Se soubessem que voltaria a trabalhar e ainda em um caso de boa grana, me esfaqueariam ali mesmo.

Chegando na rua, limpei as lágrimas e tomei um rumo desconhecido, apenas tentando colocar a cabeça em ordem. O celular tocou na bolsa e meu coração se desesperou, temendo um pedido de socorro de Mary ou Edward, já que Jeremy vive na cola dos dois, tentado me inibir.

- Hey Tareene! - a voz de Niall aliviou minha tensão.
- Oi Niall.
- Nossa! O que foi? Sua voz está abatida.
- Não, não é nada. Eu estou bem. - forcei uma voz mais empolgante. - É que eu acordei meio sonolenta hoje.

Passei em frente á uma vitrine e notei dois caras do Jeremy me seguindo discretamente.

- Hein Tareene?
- O que?
- Eu perguntei se você gostaria de almoçar agora comigo.
- NÃO!
- Hã?
- Quero dizer, não dá. - olhei para trás e os caras fingiram conversar entre si, porém continuavam seguindo.
- O que? Por que? Tareene você está legal?
- Eu estou ótima, mas hoje não dá. E-eu... Eu tenho que encontrar uma amiga, que aliás já estou até avistando de longe. - menti enquanto atravessava a rua em direção ao Honda preto que me aguardava para me levar em casa. Era Toni, o motorista particular da minha família. Pedi que ele me acompanhasse, mas não revelei o motivo da vinda até o centro. Já imaginava que nessa visita ao Jeremy ele colocaria algo em minha vista.
- Tá, então tá bom. Posso te ver á noite, pelo menos?
- Tá, tá. Pode. Eu realmente preciso desligar, desculpa Nialler.
- Tudo bem. Até mais tarde!
- Tchau! - desliguei e joguei o telefone dentro da bolsa enquanto entrava afobada dentro do carro. Toni me olhou espantado, apenas pedi que ele tocasse com o carro pra longe enquanto observava os caras do outro lado da rua, bravos por não terem conseguido o que queriam comigo. E só Deus sabe o que queriam!


- Chris

Assim que abri a porta do apartamento a vida parecia ter voltado pra mim de novo. Pela primeira vez, um exame médico tinha me deixado extremamente feliz. Zoe estava sentada com Hollie no tapete da sala, não medi normalidade pra correr em direção á minha princesa e agarrá-la com força. Eu só precisava acreditar que não estava sonhando, que minha vida estava perfeita de novo e ainda tinha o maior amor da minha vida em mãos. 

- Você é tão importante pra mim. Eu te amo tanto, tanto, tanto! Ai, Zoe... Que vontade de te apertar até não aguentar mais. - sorri enquanto a enchia de beijos e abraços, que sufocavam e irritavam a pequena. Ela tentava colocar a mão no meu rosto para que eu parasse de babá-la com tanto beijo... *risos... Mas ela era tão fofa. Não tinha como!
- Nossa! O que deu nessa garota? - Hollie ria enquanto me assistia dar mil amores á Zoe. Harry também ria junto com ela.
- Só me sinto viva! - soltei Zoe no chão e mostrei os exames para Hollie. Zoe andou meio tonta até os brinquedos e caiu de bunda no chão. Dexei-a totalmente dopada de beijos. *risos.
- Nunca a vi tão feliz com um exame. - Harry disse rindo.
- É o melhor exame de todos! Preciso comemorar. Preciso sem dúvidas!
- Realmente precisamos. - Harry me lançou aquele olhar típico.
- Harry! A Hollie está aqui, sabia? - o repreendi e Hollie gargalhou divertida.
- Eu entendo! Juventude, muitos hormônios...
- Oh, god. - senti minhas bochechas corarem ao extremo.
- A Hollie é adulta, qual é? Podemos falar qualquer coisa na frente dela.
- O-K! Vamos comemorar, né? Ou já esqueceram disso? - mudei de assunto.
- Aham, vamos comemorar sim. - Hollie sorriu e olhou com cumplicidade pra Harry, que retribui da mesma maneira. Hm, ali tinha!
- Mas vamos comemorar de verdade. Vai querer? - Harry me entregou uma caixinha que estava em cima da mesa.
- Outra viagem? 
- Nop!
- Hm. O que será? - a curiosidade aumentou e abri a caixa o mais rápido que pude.
- Vai Chris. Mais rápido! - Hollie vibrava, me fazendo ficar mais ansiosa ainda. Abri o envelope de dentro da caixa e não acreditei.
- JUSTIN TIMBERLAKE?! AAH MEU DEUS. HARRY, NÃO BRINCA COMIGO!

Harry e Hollie tamparam os ouvidos, rindo da minha reação.

- Amor, eu ameeeei! - pulei em cima de Harry e o enchi de beijos onde podia. - Vai ser o melhor show. Eu te amo! Te amo! Te amo! - Harry apenas ria enquanto eu atacava com histeria.
- Nãaão! - Zoe correu do tapete até o sofá, puxando a mão de Harry. - Mamãe não! Não pode!
- Pode sim! - Harry rebateu e me deu um selinho pra provocá-la.
- NÃO PAPAI! NÃO PODE! - ela falou bem séria e bem brava.
- Ela vai te espancar! - avisei á Harry entre os risos.
- Por que não pode? A mamãe é do papai também, não é só sua. - ele me beijou de novo e Zoe fez bico, mas de raiva.
- Ai, ai, ai! - ela ameaçou arrancando gargalhada de todo mundo. Ela tinha me imitado direitinho.
- Vem cá, sua espertinha. Tá aprendendo muita coisa pro meu gosto. - a peguei no colo e coloquei entre eu e Harry no sofá. Zoe me abraçou e ficou de mal com Harry, o que era fofinho demais. 
- Dá um sorrisinho pro papai! - Harry a cutucou e ela bateu na mão dele. - Olhaa! Não pode bater! Vai parar de falar comigo, é? Então corta aqui. - Harry juntou os dois mindinhos e mostrou pra Zoe, que com o dedo indicador cortou os dedos de Harry no meio.
- Agora ela ficou de mal de verdade! - ri.
- Deixa ela. Depois que ficar pedindo colo, vai ter que pedir pra outra pessoa, porque eu não vou dar. 

E Zoe nem lhe deu confiança. O ego daquela garotinha é um poço sem fundo. Mas basta ele começar a pertubá-la pra brincar que a raiva passa e ela volta a sorrir com todos os dentes e os olhinhos verdes brilhantes. Zoe pode ser antipática, mas é simplesmente... Um amorzinho.







Vas Happenin?
Momento Zozo no final *-*
O que acharam do capítulo?
Malikisses, Biia.









Um comentário

  1. Um dia vc ainda vai me matar de tanta fofura! *---* continuaaaaa
    malikisses :*

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